Juros fecham em baixa com aposta na queda da selic, alívio no dólar e correção

Os juros fecharam em queda, com um movimento de pequena correção, estimulado pelo desempenho do câmbio, nos vértices de médio e longo prazo, que ontem tinham avançado. Já a ponta curta deu sequência ao recuo da véspera, com um leve crescimento das apostas no corte de 0,25 ponto porcentual da Selic no Copom de agosto. O ajuste a partir do miolo foi considerado muito tímido diante da alta registrada nesta quinta-feira, basicamente em função do risco político e fiscal. Embora o dia não tenha trazido novidades de Brasília, os investidores ficaram receosos em se expor ante a possibilidade de surgirem mais fatos negativos do fim de semana.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou na mínima de 2,02%, de 2,049% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 caiu de 3,102% para 3,01%. A taxa do DI para janeiro de 2025 recuou de 5,863% para 5,82% e a do DI para janeiro de 2027, de 6,823% para 6,80%.

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Os vencimentos longos, que ontem fecharam em alta de quase 20 pontos-base, chegaram hoje a cair 10 pontos nas mínimas do dia, mas o fôlego de baixa perdeu força durante a tarde e no fim da sessão a queda era marginal.

Cassio Andrade Xavier, trade de renda fixa da Sicredi Asset, explica que, além do alívio do câmbio, este trecho se beneficiou da redução da precificação das altas da Selic que atingiu a parte intermediária, o que traz impacto aos vencimentos mais à frente. “Considerando o recuo importante do dólar, mais o efeito do miolo da curva e o fato de que ontem subiu bem, era para esta parte longa ter ido melhor”, disse.

“Esta ponta está muito frágil em função do cenário político e fiscal desafiador”, explicou, acrescentando que para os vencimentos além de 2022 “andarem” o risco político tem de baixar.

A crise tem várias frentes e a mais recente delas foi desencadeada pela prisão ontem de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e filho do presidente Jair Bolsonaro. “Diante do atual contexto de graves crises múltiplas no Brasil, o desenrolar da situação após a prisão de Queiroz poderá isolar ainda mais o presidente Bolsonaro, bem como provocar novas quedas de popularidade”, avaliam profissionais do Departamento de Economia da Renascença DTVM.

Em meio a isso, a pandemia no Brasil avança a passos largos, com o número de contaminações já superando 1 milhão de casos e o de mortes na casa de 48 mil.

Nesse sentido, quem arriscou posições doadoras preferiu os vencimentos intermediários e, com isso, houve alívio nos prêmios para aperto da Selic a partir de 2022. Como a ponta curta está bem justa e a longa esbarra no risco político, há maior conforto no miolo. De acordo com Xavier, a curva projetava nesta tarde cerca de 60% de chance de redução da Selic em 0,25 ponto no próximo Copom, e 40% de probabilidade de manutenção. Ontem, o mercado estava dividido com 50% para cada lado.

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