O isolamento social adotado como estratégia para conter a disseminação do novo coronavírus (covid-19) tem colocado à prova as habilidades de relacionamento, empatia e conciliação entre condôminos e síndicos, uma vez que a rotina dos espaços foi alterada e é necessário redobrar os cuidados básicos com a higiene. Em entrevista ao RDtv, síndicos da região abordam direitos e deveres dos condôminos e fala sobre as mudanças adotadas diante da pandemia da doença.
Eduardo Festa, que é síndico de um condomínio com pouco mais de três mil habitantes em São Caetano, conta que especialmente para o período, elaborou estratégias de contenção da disseminação da doença que devem ser seguidas por todos os moradores. “Elaboramos um plano de contenção para fechamento dos espaços abertos ao qual geravam aglomeração, como quadras, piscina, academia e outros, além de adotar medidas de proteção como distanciamento social e instalação de dispensers com álcool em gel pelo condomínio”, explica.
Em paralelo às medidas de proteção, o síndico conta que já iniciou um plano de reabertura gradual baseado em um estudo de risco individual de cada prédio do condomínio. “Fizemos um questionário de comorbidades para saber quais moradores estão no grupo de risco e tem algum problema de saúde, assim como desenhamos uma reabertura gradual com redução de 50% das pessoas em circulação, justamente para afastar os riscos dos moradores”, acrescenta ao lembrar que a estratégia segue em definição.
Questionado sobre o assunto, o diretor jurídico da Acigabc (Associação dos Construtores do Grande ABC), Luiz Ribeiro Costa Junior, avalia que as medidas adotadas em São Caetano são exemplo para o dia-a-dia dos síndicos da região. “As pessoas estão com medo dessas mudanças repentinas, e é o momento de usarmos a empatia e o bom senso para não só estabelecer medidas de proteção, mas saber da necessidade dos moradores e tentar aplicar isso da melhor forma possível para um bem coletivo”, afirma.
Para o diretor, não há uma regra geral a ser aplicada em todas as ocasiões, mas é essencial que em casos que podem colocar a vida e segurança dos moradores em risco, se estabeleça protocolos individuais e assembleias, a exemplo o acesso de prestadores de serviços nos espaços públicos. “São questões que precisam ser levadas à assembleias e discutidas diretamente entre condôminos e síndicos, uma vez que sem a precaução devida, pode colocar a vida e segurança dos moradores em risco, um ato totalmente questionável”, completa.
Nessa questão, Camilo Carvalho, que atua em um condomínio com 1.104 apartamentos em Santo André, conta que diante ao acesso de prestadores de serviços e reformas locais, exige que todos utilizem aparatos de proteção, como máscaras e álcool gel, afim de manter a segurança dos moradores e funcionários dos condomínios. “Temos uma rotatividade muito grande dentro de um condomínio, e por isso não podemos sofrer com qualquer tipo de risco”, alerta.
Ao longo da pandemia, Carvalho diz que apesar das decisões coletivas, também atua em casos individuais, sem tirar do foco as questões financeiras e administrativas do espaço. “Não existe uma linha padrão de atuação, sabemos que este período não está sendo fácil e por este motivo trabalhamos em cima das necessidades dos moradores com planejamentos e estratégias de segurança”, afirma.
Luiz Amorim, morador do Rudge Ramos, em São Bernardo, declara que diante das medidas adotadas em seu condomínio, onde há 36 apartamentos, a situação está totalmente tranquila, de acordo com as decisões da comissão local. “Tudo que pedimos está sendo feito aos poucos. Claro que alguns espaços como academia e piscina ainda não estão abertos porque sabemos que são locais de aglomeração, mas em geral todas as medidas de segurança estão sendo adotadas”, diz.
Na avaliação geral, os síndicos declaram que os moradores vem respeitando os cuidados básicos, mas ainda enfrentam dificuldades com a pressão de reabertura das áreas comuns, especialmente as academias. “Existe essa discussão para a liberação, mas é algo que ainda não pensamos em reabrir tão cedo, vamos estudar aos poucos para não colocar ninguém em risco”, alega Eduardo Festa em acordo com os demais síndicos.
A orientação é que os moradores continuem com utilização de máscaras de proteção em espaços comuns, respeitem o distanciamento e isolamento social, assim como participem das assembleias e reuniões para discussão de pautas que deliberem a utilização e liberação dos espaços.