Americanos saíram às ruas nos mais diversos estados nesta sexta-feira (5), para protestar pelo 11º dia seguido contra o racismo em decorrência da morte de George Floyd, morto em Minneapolis no dia 25 de maio após ser asfixiado por um policial. Em decorrência deste caso o RDtv promoveu um debate com especialistas sobre os desafios nos Estados Unidos e no Brasil para combater o preconceito racial.
Para o professor de História da Fundação Santo André, Gilberto Lopes Teixeira, o que ocorre neste momento é fim do “tempo das sutilizas” em relação ao racismo, principalmente no caso do Brasil em que tal tipo de preconceito é adjetivado como “velado”. Teixeira lembrou que estudos feitos na década de 1930 acabaram por definir que a miscigenação brasileira fez com que atos racistas foram minimizadas, como se não existissem. E que atualmente pode colaborar para que alguns considerem que a luta contra o racismo seja um “mimimi” ou “vitimização”, o que é não é verdadeiro.
“O que vai decidir isso (se os protestos serão um divisor de águas no combate ao racismo) é a maneira como os brancos na sociedade brasileira vão se posicionar diante disso. O que vemos nas ruas nos Estados Unidos, principalmente em Nova York e Washington, é uma massiva participação de pessoas brancas”, explicou.
Mais cauteloso, o professor de Ciências Humanas e Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Flávio Thales Ribeiro Francisco, considera que o grande desafio deste debate é o momento em que deixa de ser sobre uma ação individual e passa a tratar do coletivo.
“Temos uma dimensão individual que é do policial (que asfixiou Floyd) ou dos três policiais (que faziam parte da equipe), tem uma outra (dimensão) para fazer pressão e condenar estes policiais envolvidos, mas depois tem uma outra disputa que é com outro agente que é o Sindicato dos Policiais. Será a hora de questionar a Justiça e isso é muito mais difícil”, lembrou.
Outro ponto relembrado pelos especialistas é a preocupação com aspectos sociais que envolvem os negros, até mesmo em meio a pandemia do novo coronavírus. Segundo estudo oriundo dos dados da Prefeitura de São Paulo, a população negra tem 62% mais chances de contrair covid-19 do que a população branca. Entre os principais fatores está a desigualdade social e o fato da maioria das pessoas que moram em áreas de vulnerabilidade serem negras.
Os professores consideram que uma das soluções é a colocação de especialistas negras em áreas como educação e economia, mas desde que estes especialistas também tenham um discurso e ações antirracistas. Para ambos, a ideia é evitar o que ocorre em relação ao presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, crítico ao movimento negro e todas as ações de combate ao racismo no Brasil.