A pandemia do novo coronavírus (covid-19) trouxe retalhações em diversos segmentos, principalmente o setor de produção metalúrgica, que por conta do isolamento social, sofreu reflexos significativos de demissões, redução de salários e jornada de trabalho. Assim, para evitar um cenário ainda mais negativo e na tentativa de poupar empregos no setor, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá fechou pelo menos 120 acordos coletivos para manter os trabalhadores com vínculo nas empresas.
Em entrevista ao RDtv, o presidente do Sindicado, Cícero Martinha explica que a ideia dos acordos coletivos veio como uma tentativa de amenizar os impactos econômicos no setor. “Houve um reflexo muito forte da pandemia em todos os setores da economia, o que nivelou todas as empresas praticamente nas mesmas situações […] Desse modo nós buscamos alternativas para evitar prejuízos, como acordos baseados em banco de horas, Lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) e outras alternativas para manter o vínculo dos trabalhadores e as empresas funcionando”, diz.
Especialmente nessas duas cidades em que pelo menos 13 mil trabalhadores estão em atuação no setor metalúrgico, Martinha explica que a faixa de demissão ficou entre 5% a 10%. “Em relação a essas duas cidades, a taxa é baixa se comparado à média de outros municípios”, analisa ao comparar, ainda, o número de demissões registrados no setor de produção de veículos, que registrou o menor volume para o quinto mês do ano desde 1985.
Também afetada diretamente pela pandemia do novo coronavírus, a produção de veículos no Brasil caiu 84,4% e maio ante o mesmo período do ano passado, conforme informou a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em balanço que considera os segmentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Para o sindicalista Martinha, os números não surpreendem, mas preocupam quem atua no setor. “Já esperávamos que todos os setores iriam sofrer consideravelmente, mas isso preocupa, porque é um cenário ao qual não é possível prever a resolução mesmo que a um longo prazo”, lembra.
João Avamileno, que também participou da entrevista, analisa que o período também trouxe grandes reflexos para os aposentados. “Os aposentados estão sofrendo como nunca, resultado do atraso do Brasil em aderir o isolamento social”, analisa o vice-presidente licenciado da Associação dos Aposentados. Na região, segundo ele, são pelo menos 4 mil associados.
Outra iniciativa proposta pelo Sindicato no período de pandemia foi a adesão ao programa de assembleias online, iniciativa que permite votações democráticas, fácil interação entre os trabalhadores e facilidade na adequação de agendas para futuras reuniões. “A versão virtual possibilita a consulta dos trabalhadores e votação em pautas importantes, ainda que em período de isolamento social”, explica Martinha.
Segundo o sindicalista, apesar de interessante, a assembleia virtual deve acontecer somente no período de pandemia da covid-19. “Criamos o aplicativo para a votação de propostas ao longo da pandemia. Acordos desse tipo são muito difíceis de acontecer, são raros, nessa modalidade criamos apenas para questões emergenciais, caso do isolamento”, destaca.