Delegacia de Defesa da Mulher é inaugurada em novo endereço em Santo André

Com intuito de oferecer um melhor atendimento para mulheres vítimas de violência, a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Santo André passa a atuar em novo endereço a partir desta quarta-feira (3/6). A repartição saiu da Praça Ministro Salgado Filho, na Vila Guiomar, e foi para a rua Laura, 452, no Jardim Bela Vista, com o nome de Delegacia de Defesa da Mulher e Proteção da Infância e Juventude.

Inicialmente o espaço estará aberto ao público das 9h às 18h e, posteriormente passará a atender das 9h às 19h, todos os dias da semana, ainda sem previsão para atendimento 24h. “Por conta da pandemia do novo coronavírus, o curso de formação de delegados foi suspenso e sem previsão para que ocorra. Com isso, acreditamos que seja muito difícil que a delegacia passe a funcionar 24h ainda este ano”, diz a advogada Maria Luiza Monteiro Canale, integrante da Frente Regional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.

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A escolha do espaço levou em consideração o espaço físico e também a localização, agora mais centralizado. Em entrevista ao RD, a delegada Adrianne Mayer Bontempi explica que, no local, mais mulheres, crianças e jovens poderão ser atendidos com facilidade. “Conseguiremos atender o público com um conforto maior, em um espaço mais amplo e adequado. Além disso, readequamos também o nome da delegacia, com a inclusão da Infância e Juventude”, explica.

O número de funcionários, no entanto, inicialmente deve permanecer o mesmo, sem perspectiva de novas contratações. “Devemos levar o mesmo pessoal que já atuava conosco na antiga unidade e, ainda com o isolamento social e a quarentena, manteremos a mesma qualidade no atendimento presencial”, completa.

A diferença, com a pandemia do novo coronavírus, são os termos de higiene e distanciamento social, impostos também na unidade com demarcações no espaço físico. “O atendimento será feito com todas as restrições sanitárias necessárias, que inclui o uso de álcool gel, demarcação no chão para atendimento e utilização de máscaras por parte dos funcionários e população”, explica a delegada.

Já aos que optarem por outro tipo de atendimento, Maria Luiza Monteiro sugere a busca pelos canais digitais de atendimento, a exemplo da Delegacia Eletrônica (site) ou canais da Defensoria Pública do Estado (site) que inclui também atendimento via whatsapp (94220-9995) e/ou atendimento telefônico via 0800 773 4340. “A mulher que não se sentir à vontade ou não puder buscar a delegacia presencialmente, pode optar por qualquer um destes canais para ter auxílio”, orienta.

DDMAmiga

Outro serviço disponível para a população é a DDMAmiga, por meio da Proleg (Promotoras Legais Populares de Santo André), que fornece serviço de acolhimento com amparo no trabalho de Maria Luiza e psicólogas. “As mulheres que chegam a uma delegacia precisam de informação sobre leis, encaminhamento e medidas protetivas, pois elas sofreram violência física, sexual, psicológica e patrimonial, imagine como ela está psicologicamente, e é esse o trabalho que fazemos, mas só temos como fazer isso uma vez por semana, porque somos apenas duas voluntárias”, lamenta.

Atendimento presencial registra redução de 30%

Com o auxílio das redes sociais e canais digitais para registro de boletins de ocorrência, o atendimento presencial apresentou queda em ao menos 30% nos últimos dois meses, conforme aponta a delegada da unidade andreense. “Com o isolamento social e com a necessidade das pessoas ficarem dentro de casa, sentimos que a procura pelo serviço presencial caiu bastante, o que fez com que o registro online crescesse consideravelmente”, explica.

Dados divulgados pela Frente Regional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher revelam que somente em março, a média mensal de atendimentos foi de 44 chamados contra os 80 registros que ocorrem normalmente por mês. “Essa queda se dá principalmente pelo isolamento social, ao qual as mulheres ficam mais coagidas por estarem convivendo com seus agressores”, lembra. De 20 de março a 23 de abril do ano passado foram registrados 132 boletins de ocorrência, diminuição de 54,5% se comparado ao mesmo período neste ano, em que foram registrados 72 boletins.

Para a advogada, ainda que os números tenham apresentado queda, não significa que houve redução no número de violências domésticas. “Ao contrário, com a pandemia e isolamento social esses números dispararam. O que acontece é que agora a mulher vive diretamente com o agressor, o que dificulta o acesso a delegacia”, lembra. O número de medidas protetivas também caiu neste período, passou de 80 para 44 mensais em 2020 (variação de 55%), conforme aponta o Mapa da Violência, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Confira o vídeo da Proleg:

 

 

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