Neste ano as tradicionais quermesses foram deixadas de lado por conta do isolamento social, em atendimento às normas decretadas pelo governo do Estado para frear a disseminação do coronavírus. Com isso, não haverá nenhum tipo de celebração nas paróquias. As festas juninas comemoram três santos católicos – Santo Antônio (festejado no dia 13 de junho), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29) – e representam um dos principais instrumentos das paróquias na arrecadação de verba para realização dos trabalhos sociais.
A Paróquia São João Batista, no Rudge Ramos, em São Bernardo, realiza uma das mais famosas quermesses da região e a administração lamenta o momento. “Não preparamos nada neste ano por conta da pandemia, infelizmente, até agora nenhum evento pode ocorrer”, informa a comunidade.
A ministra Ângela Morais, 39, da comunidade São Francisco de Assis, localizada em Rio Grande da Serra, é frequentadora da tradicional comemoração junina e também lamenta o fato da mesma não poder ocorrer junto com outros ritos já suspensos da igreja “Com a pandemia, nós cristãs sofremos muito pelo adiamento de vários eventos importantes que não puderam ocorrer ou foram realizados apenas por transmissões ao vivo, exemplo da nossa tradicional quermesse”, afirma Ângela para quem a parte mais cativante da festa junina é a convivência com os outros fiéis.
Ângela também se preocupa com a questão financeira das igrejas, pois com a falta das comemorações e missas presenciais os locais de cultos religiosos ficaram sem meios de se manter. “Nesse momento atual devemos incentivar a contribuição por meio do dízimo e outras doações por meio dos fiéis ou outros que queiram ajudar de forma segura para manter o trabalho das comunidades e não propagar o vírus”, sugere.
O padre vigário episcopal da Diocese de Santo André, Joel Nery, comenta que já havia previsão da suspensão das festas tradicionais desde março por conta do avanço da covid-19. Coordenador das 39 paróquias do ABC, o padre diz que o isolamento social é uma medida necessária apesar de os fiéis sentirem falta dos eventos e missas. “Além da questão religiosa, as festas juninas fazem parte da nossa cultura e reúnem grande público, mas para evitar o avanço do novo coronavírus não haverá a comemoração como a de costume”, informa o vigário.
Padre Nery aponta a possibilidade das paróquias fazerem arrecadações no formato drive-thru. “Nós já adotamos o formato drive-thru em outras comemorações de padroeiros da igreja, porém quem faz parte do grupo de risco não poderá ajudar de forma ativa na arrecadação”, comenta o padre que vê o momento atual de reinvenção para todos inclusive cristãos e líderes religiosos. (Colaboraram Fernando Scerveninas e Nathalie Oliveira).