Não fosse a pandemia da covid-19, a maioria das igrejas católicas da região, já estaria nos seus primeiros dias de quermesses, as festas populares de junho quando se comemoram as datas dos três santos; Santo Antônio (dia 13); São João (dia 24) e São Pedro (dia 29). Porém as festas juninas estão suspensas. Essas atividades garantem, não apenas a reunião do fieis, mas também os recursos para a manutenção das ações das igrejas e as obras sociais. Diante disso algumas paróquias estudam a venda das tradicionais guloseimas juninas através de delivery ou drive-thru.
Em entrevista ao RDTv o Padre Joel Nery, vigário episcopal para a Diocese de Santo André, que coordena as paróquias em todo o ABC, disse que já havia uma previsão de suspensão das quermesses desde março quando o bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini, decretou a suspensão das atividades presenciais da igreja, por conta da pandemia. A expectativa pelas festas porém continuava, baseada na ânsia de que os números da doença caíssem, o que não ocorreu.
“Estamos num momento de isolamento social, de medidas de proteção da vida e claro que as quermesses, além da religião, são momentos culturais que reúnem muita gente. O isolamento é medida necessária para evitar o índice alto de contágio. A informação que temos é que nesse junho nós não teremos as mesmas e tradicionais quermesses de sempre. Esse cenário já era esperado. As possibilidades de delivery e drive-thru surgiram na reunião com os padres hoje”, disse Nery sobre o encontro virtual do qual participaram 20 religiosos da região.
Padre Nery considera viável que algumas paróquias vendam os doces e salgados e façam entregas ou realizem o atendimento diretamente nos carros. “É possível e certamente veremos algumas comunidades realizando. Temos muitos voluntários que trabalham na preparação das comidas, mas muitas dessas pessoas são de grupos de risco e não estarão disponíveis”, comenta. Algumas igrejas tiveram algumas iniciativas como esta, nas festas do respectivos padroeiros, como aconteceu em São Caetano com a festa de Santa Rita. “Fizeram a experiência de drive-thru, com pasteis e o chamado bolo da padroeira. Isso vai acontecer também na paroquia de Nossa Senhora Aparecida, no bairro Barcelona. Tudo isso está sendo preparado, as coisas estão surgindo agora”, explica o padre.
Mesmo que realizadas nestes novos formatos as quermesses serão apenas uma fração das grandes festas e por isso a igreja está preocupada com os custos para a manutenção de suas atividades. Segundo o padre Joel Nery os dízimos e as doações cobrem apenas os custos ordinários das paróquias e é com as quermesses que as igrejas conseguem algo mais para reformas, ampliações físicas e do atendimento social. “As contas não pararam de chegar, tem a conservação da estrutura, a obra de evangelização, o recurso para isso tudo caiu muito. As pessoas encontraram como manter, mesmo aquele senhorzinho que não sabe como fazer doação pela internet pede para alguém ajudar. Essa receita é a que garante aquilo que, entre entradas e saídas, quase empatam. A entrada da quermesse garante o investimento, para o extraordinário”, disse o padre que teme problemas se a igreja não tiver outras formas de arrecadação. Ele lembra que no final do ano passado foi criado o vicariato episcopal para a caridade social que estava se organizando para a formação de uma rede de assistência. A pandemia afetou diretamente essas ações.