O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) não escondeu suas críticas ao atual chefe do Executivo paulista, João Doria (PSDB), em entrevista ao RDtv, nesta quinta-feira (28). O socialista considera que a gestão estadual está se atrapalhando nas medidas de flexibilização ou não em meio a pandemia do novo coronavírus e considera que tal cenário pode criar um problema eleitoral para os filiados ao PSDB.
França considera que “a falta de humildade” da gestão de Doria teria causado a irritação nos demais prefeitos da Região Metropolitana e do litoral sul que não gostaram de ver os seus municípios de fora da flexibilização mais abrangente enquanto a Capital, epicentro do número de casos e do número de óbitos por covid-19 possa ter a possibilidade de reabertura com restrições para alguns setores.
“Tem que ter humildade para exercer uma função pública. Quando você cresce eleitoralmente você é mais submisso a todo mundo. O degrau do poder é um degrau para baixo e você fica cada vez mais submisso a quem te elege, e acho que eles não tiveram isso. Agora, quem vai querer ter o apoio do Doria na eleição? Coitados, que for 45 (número do PSDB) vai sofrer”, falou o ex-governador.
Em vários momentos da entrevista (realizada antes da reunião dos prefeitos do ABC com o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi) – Márcio França pediu para que os chefes de Executivo da região, principalmente os mais próximos de Doria não apenas pressionassem o governador para mudar de ideia sobre o início do Plano São Paulo, mas principalmente para que também possam chamar seus principais opositores para conversar sobre as medidas tomadas para combater a pandemia.
“Ninguém sabe de tudo, então (Doria) consulte quem sabe mais, escute todos os lados, chame o líder do PT (na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Teonílio Barba). Os prefeitos, chamem o líder da oposição da sua cidade. O governador está acima e precisa criar um tom bom senso para que as pessoas respeitem as suas decisões”, completou.
Pré-candidato a prefeito na Capital, França também questionou a não antecipação de medidas que na sua visão poderiam ter evitado uma situação pior, como por exemplo, fazer uma avaliação dos sintomas daqueles que chegaram da Europa durante o Carnaval. Para o político, aqueles que apresentassem algum tipo de sintoma poderiam ser isolados previamente para que se evitasse um maior contágio.
Tal situação colocada pelo ex-governador tem como base o fato de João Doria ter viajado para a China, no ano passado, e saber que existia uma situação ruim com o início do surto, que posteriormente virou uma epidemia e desde primeiro trimestre deste ano é taxada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).