A pandemia do novo coronavírus (covid-19) continua a trazer fortes retrações econômicas para a região. De acordo com a última pesquisa divulgada pela Universidade Metodista, somente no mês de abril, o desemprego disparou 4,5 pontos percentuais em um período de 30 dias, redução de renda para 65% das famílias da região, fator que fez com que o mês fosse titulado como “o pior cenário econômico desde o início do isolamento social” pela Universidade Metodista.
Em entrevista ao RDtv, o coordenador do Observatório Econômico da universidade, Sandro Makio, analisa que em termos de renda, o mês de abril surpreendeu negativamente a população. “Tivemos redução da renda familiar em cerca de 10% somente na primeira quinzena, superando as taxas de março”, diz. A projeção de desempregados também disparou significativamente, passou da projeção de 15% para 17,5%. “Pouco mais de 170 mil pessoas em um universo de 1,2 bilhão da população economicamente ativa estão sem qualquer tipo de ocupação”, analisa.
Somente em abril, 4,8% perderam o trabalho com carteira assinada, somando-se aos 12,4% que já estavam desempregados. Esse cenário acrescentou 4,5 pontos justificado, principalmente, pelas dificuldades dos empreendedores em manter os funcionários nas empresas no período de isolamento social. “Aqueles que puderam segurar os empregados, seguraram. Acontece que a medida de restrição foi se prolongando e sem a flexibilização, essa capacidade de manter os trabalhadores acabou, o que justifica o aumento considerável desse percentual”, explica.
Outros fatores que na visão da coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Metodista, Silvia Okabayashi, justificam a queda de renda, são: elevação do desemprego, redução da atividade econômica dos autônomos e empreendedores, ampliação da proporção de assalariados que passaram a se deparar com atrasos no pagamento de salários e a redução da jornada de trabalho acompanhada de redução de salários, o que na visão de Maskio, deve contribuir também para manter o desemprego em uma curva crescente. “A projeção é que o mês de maio seja ainda pior”, avalia.
Brasil fecha mais de 860 mil vagas de trabalho
O mercado de trabalho brasileiro fechou 860, 5 mil empregos com carteira assinada em abril, de acordo com dados consolidados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia. O saldo foi resultado de 598,5 mil admissões e 1.459.099 demissões ao longo do último mês. Em contrapartida, em abril de 2019, o Caged teve saldo positivo de 129,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, resultado de 1.374.628 admissões e 1.245.071 demissões.
Menos trabalho e salários
Segundo o levantamento realizado pelo Observatório Econômico da UMESP, 12,7% tiveram reduzidos salários e jornada de trabalho, conforme iniciativa autorizada pelo governo federal, e outros cerca de 6% apontaram que a empresa concedeu férias ou impôs utilização do saldo de banco de horas.
Com o impacto negativo sobre a renda, houve ampliação das contas em atraso. Uma em cada quatro famílias (24,7%) dos sete municípios do ABC se viu obrigada a atrasar faturas no último mês. Essa proporção se soma às 11,1% de famílias que já tinham contas em atraso.
Uma das alternativas elencadas pelo pesquisador para evitar tais problemas é que as empresas tentem ao máximo manter as pessoas empregadas para, assim, aumentar a demanda. “É preciso manter a renda em circulação com fomento de empreendedores, capital de giro e investimentos. Só assim conseguiremos sair dessa situação”, completa.