A taxa de ocupação de leitos nas três alas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, chegou a ocupação máxima nessa semana – 41 leitos ocupados por pacientes diagnosticados com casos graves da covid-19 – o que tem preocupado a direção do hospital, uma vez que o equipamento público serve de apoio aos hospitais de campanha da região e do Estado.
Em entrevista ao RDtv, o diretor e superintendente do hospital, Desiré Carlos Callegari, declarou que da totalidade de leitos que o hospital possui, mais da metade (58,6%) está preenchida por pacientes que dependem de ventilação mecânica para o tratamento, o que demanda de um tempo maior de monitoramento. “Esses pacientes ficam em média de 15 a 20 dias internados, uma rotatividade menor diante dos outros casos que não são tão graves”, analisa ao explicar a superlotação.
Para servir de apoio em casos de agravamento do cenário da doença, Callegari lembra que dispõe, ainda, de uma reserva entre as duas enfermarias para atender pacientes infectados. “Embora já tenhamos lotação de 80% dos 48 leitos de enfermaria que temos nas alas, em casos de complicação é opção para que possamos remanejar os pacientes e desafogar os atendimentos nas UTIs sem riscos”, diz. Apesar do momento, o hospital segue com o Pronto Socorro (PS) de portas fechadas. Avalia e realoca pacientes em caso de riscos eminentes.
Uma das alternativas elencadas por Callegari para atender a demanda, é transformar uma parte do hospital em ala de atendimento, com pelo aquisição de 10 leitos de UTI e outros 20 para a enfermaria. “Isso é algo que dependemos do Governo do Estado para desenvolver, porque precisamos não só dos leitos, mas de ventiladores e monitores, equipamentos que estão em escassez no mercado”, avalia. A expectativa é que, neste lote de 2 mil novos respiradores que o Estado angariou nesta semana, a região seja beneficiada. “Merecemos, porque vale lembrar que atendemos não só as sete cidades, mas pacientes de outros estados e até fora de São Paulo”, completa.
Readequação
Os pacientes com suspeita ou confirmação do novo coronavírus, que estão internados tanto na UTI quanto enfermaria, são atendidos separadamente dos outros pacientes internados com outro tipo de enfermidade. O diretor garante que, desde o início da pandemia, foi montado trajeto especial para atendimento de ambos os casos a fim de evitar riscos. “Prezamos por nossos pacientes e funcionários e sabemos o quão transmissível e grave essa doença é, por isso adotamos cuidados redobrados”, garante ao lembrar que todo material de proteção é fornecido aos profissionais da unidade.
Apesar da pandemia mundial, Callegari garante também que a taxa de ocupação para as outras duas UTIs direcionadas à alta complexidade continuam com taxa de ocupação elevada, que varia em torno de 92 a 95%. “Sempre tivemos uma demanda grande entre cirurgias ortopédicas, neurológicas e etc. Com a pandemia, muitos se confundem achando que esse número diminui consideravelmente, mas não, as pessoas não param de ter infartos, se acidentarem, o que também demanda de um alto número de leitos”, destaca.
Na tentativa de também amenizar esses números, o hospital reagendou cirurgias marcadas e cancelou, temporariamente, outras que não tinham urgência. “Foi uma medida que adotamos para conseguir esvaziar alguns leitos e respirar em meio a esse sufoco”, diz. Após o período de pandemia, os procedimentos serão remarcados, de acordo com demanda e sistema Cross, que administra transferências e atendimentos nos hospitais.
Profissionais
Sobre o quadro de funcionários, apesar dos cuidados básicos como uso de máscaras, avental e álcool em gel, o diretor destaca que em torno de 20 a 25% dos profissionais de saúde foram contagiados com a doença, no entanto nenhum, até o momento, veio a óbito. “Resultado positivo se pensarmos bem. Temos equipamentos específicos, damos todas as condições para que isso não ocorra, mas a transmissibilidade é grande”, diz. “Apesar disso, damos oportunidade de todos os profissionais contagiados serem tratados dentro do hospital para uma boa recuperação”, acrescenta.
No quadro de profissionais da saúde estão pelo menos 2,5 mil trabalhadores divididos em três turnos, sendo 1.850 profissionais do próprio hospital e outros 750 terceirizados.
Testagem
Apesar da alta demanda de testagem no hospital, Callegari lembra que a unidade não oferta testagem para toda população. “Isso quem deve fazer são as prefeituras, dentro do hospital testamos apenas os pacientes internados e casos suspeitos encaminhados para nós”, diz. Para o profissional de saúde, é imprescindível que todas as prefeituras estejam alinhadas para testar a população, assim como orientar tno sentido da rápida transmissão do vírus e dos perigos da aglomeração social.