Com a lotação dos hospitais durante a pandemia da covid-19, o volume de resíduos contaminados também cresceu, visto que no dia-a-dia das unidades de saúde, são descartadas grandes quantidades de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Assim, para manuseio e destinação correta desse lixo, a fim de que não ofereça contaminação para outras pessoas, as prefeituras capacitam profissionais da saúde. A professora e ambientalista, Marta Marcondes, fala sobre o impacto desse tipo de resíduo no meio ambiente.
Em Mauá, todo lixo hospitalar é descartado em saco branco duplo, seguindo as normas das RDCs (Resolução da Diretoria Colegiada), que tem objetivo de atribuir responsabilidades a empresas e profissionais, para garantir boas práticas e manter os padrões de qualidade dos produtos e serviços destinados à saúde da população. A cidade garante que todos os profissionais da área receberam treinamentos e têm disponíveis os manuais, tanto para o uso quanto para o descarte dos EPIs.
Rio Grande da Serra segue as mesmas regras, além do saco duplo, o município realiza a identificação do lixo com a escrita “covid” de caneta piloto vermelha, para carimbar o resíduo contaminado. A cidade também informa que já foi solicitada a compra de sacos vermelhos para este fim e aguardam o recebimento, pois o mesmo está em falta. Profissionais da saúde já foram orientados para o descarte correto nas Unidades Básicas de Saúde e Unidade de Pronto Atendimento.
Em Diadema não houve mudança nas normas para descarte de resíduos hospitalares, que representa 1,5% dos resíduos produzidos no município. A cidade realiza o descarte de EPIs em embalagens e sacos próprios para cada tipo e característica de resíduo, que são levados junto ao lixo infectado e encaminhados para incineração.
A destinação final dos resíduos hospitalares é feita por empresa contratada e fiscalizada pelo Departamento de Limpeza Urbana. O município também realizou capacitação de todos os profissionais de saúde dentro do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), com encontros de capacitação e elaboração de protocolos e materiais de treinamento.
Ribeirão Pires, desde o começo deste ano, até o final de abril, recolheu 7 toneladas de lixo hospitalar. Durante o ano inteiro em 2019, foram coletadas 145 toneladas do mesmo resíduo. As equipes que atuam em unidades de saúde da rede municipal foram treinadas e são orientadas sobre o descarte de EPIs e outros insumos hospitalares. Luvas, máscaras, toucas, pro-pé, aventais são descartados junto com o lixo biológico, em sacos plásticos apropriados para este tipo de descarte.
A orientação do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) é que os hospitais e clínicas sigam a legislação em vigor, ou seja, resíduos infectantes devem ser coletados pela coleta especial de resíduos de saúde. Cada clínica ou hospital é responsável pelo descarte correto. Caso a fiscalização do Semasa perceba algum equívoco, eles entram em contato com o local e orientam o responsável. Se houver reincidência, são aplicadas as penalidades previstas em lei.
O Semasa também oferece aos estabelecimentos de saúde de Santo André a coleta, o transporte e a destinação final dos resíduos de saúde gerados. “No entanto, salientamos que é facultado ao usuário a contratação da autarquia para a realização deste serviço, sendo que o estabelecimento gerador do resíduo de saúde pode optar pela contratação de uma empresa particular especializada”, diz em nota. São Bernardo e São Caetano não responderam até o fechamento da matéria.
A especialista Marta Marcondes, explica que, a maior intensidade na produção desse lixo, causa impacto no meio ambiente, principalmente em municípios que não possuem o Plano Municipal de Resíduos Sólidos, que, segundo ela, deve ser seguido, a fim de amenizar este impacto negativo, visto que os equipamentos de saúde não têm como diminuir a produção de lixo. “Esse plano já deveria ter sido implementado, pois na Política Nacional de Resíduos Sólidos, já estava previsto um novo modelo para esses resíduos”, aponta.
A ambientalista ainda alerta que, se os hospitais e outros equipamentos de saúde, que recebem pessoas infectadas com o coronavírus, não se preocuparem com gerenciamento integrado de resíduos da saúde, terão problemas como contaminação do solo e da água com o vírus, por exemplo. “Todos os resíduos gerados nos equipamentos de saúde devem ter um trâmite, que vai desde a coleta nos diferentes espaços, até a destinação final, que deve ser por um tratamento de incineração”, diz.
Marte Marcondes finaliza alertando que, nesse momento, devido a periculosidade do vírus, os cuidados devem ser redobrados. “Caso contrário, haverá a contaminação das pessoas que trabalham com esses resíduos, como também do ambiente que receberá esses resíduos de forma incorreta”.