O Consórcio Intermunicipal do ABC anunciou na manhã desta segunda-feira (11/5) que, diferente do que foi imposto na Capital, não adotará o sistema de rodízio de veículos 24h, em dias alternados, entre as sete cidades. Apesar da diminuição do isolamento social nos últimos dias, a decisão regional foi aprovada por unanimidade dos prefeitos em assembleia extraordinária, o que trouxe certo alívio para quem trabalha com mobilidade na região.
Para a secretária-adjunta de Mobilidade em Santo André, Andrea Brisida, se a medida fosse aprovada, poderia trazer efeito reverso, uma vez que haveria superlotação do transporte público em todas as cidades. “A retirada do automóvel particular vai fazer com que as pessoas migrem para o transporte coletivo, isso é uma lógica inversa que pode resultar em uma drástica piora no cenário de pandemia”, declara em entrevista ao RDtv.
Para a secretária, a partir do momento em que se tira uma pessoa dentro de seu ambiente particular, onde é possível administrar a segurança e higiene pessoal, o perigo de contágio e transmissão da covid-19 vem à tona. “Dentro do seu próprio espaço a pessoa ainda consegue se proteger, mas e aglomerado dentro de um transporte coletivo?”, questiona.
Outro ponto que entra em discussão é em relação as pessoas que de fato necessitam se deslocar para compra de itens básicos para aquelas que não respeitam o isolamento social imposto pelo Governo do Estado. “Como funcionaria o esquema de fiscalização das pessoas que de fato precisam sair de casa para trabalhar, comprar remédios, alimentos, etc? Seria algo a se pensar”, lembra.
Quem também considerou o descarte da implementação como ponto positivo para combate da pandemia foi o presidente da ETCSBC (Empresa de Transporte Coletivo de São Bernardo, Ademir Silvestre, que tem feito acompanhamento diário da demanda e da oferta de mobilidade pública na cidade. “Temos acompanhado de perto a questão do rodízio de veículos de acordo com o volume de passageiros, e percebemos que o número vem aumentando, o que poderia piorar com o rodízio”, diz.
Para o presidente, ainda que o esquema fosse acatado pelos prefeitos do ABC, seria necessário aguardar os reflexos da medida na Capital para aderir ou não ao rodízio. “Não podemos trabalhar com o processo de adivinhação uma vez que o público prioritário da doença (idosos) e quem atua na linha de frente e áreas essenciais também iriam depender do modal. Precisamos ir com cautela, analisar os reflexos para depois adotarmos algo por aqui, sem decisões precitadas para não piorar a situação”, acrescenta ao lembrar que, apesar da pandemia, circulam em média 3.600 idosos ao dia na cidade.
Redução do transporte coletivo
O presidente do Consórcio e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), afirma que, embora a medida não tenha sido compactuada pelos prefeitos com a justificativa que traria prejuízos à funcionários de serviços essenciais, a redução dos transportes públicos pode trazer resultados positivos para as cidades.
Desde março, o Consórcio junto ao governo estadual, decidiu que o transporte municipal funcionaria de segunda a sexta-feira, com frota de 50% em horários de pico e de 30% nos demais períodos. Aos fins de semana e feriados, a frota também estaria em 30% nos horários de maior movimento, enquanto seriam apenas 15% nos demais horários.
O que também contribui para a queda de movimento aos fins de semana é o fechamento de alguns postos de combustíveis, que funcionam em horário normal somente ao longo da semana.
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