A pandemia coronavírus (covid-19) já é um desafio para os adultos, uma vez que envolve preocupações com a saúde e economia. No entanto, também é preciso entender como lidar com as crianças em tempos de isolamento social, uma das maiores preocupações com quem precisa ficar com os pequenos o dia inteiro dentro de casa.
Com boa parte das escolas fechadas, as crianças estão em quarentena com a família, e também precisam enfrentar desafios. Neste período alguns pais ainda precisam trabalhar fora de casa, enquanto outros precisam, ainda, conciliar a rotina de home office com as necessidades das crianças.
Neste cenário, cabe aos pais e/ou responsáveis, adaptar o cotidiano de acordo com a nova realidade e, principalmente, manter o clima calmo para não assustar os pequenos. É o que orienta a psicóloga Ana Keila Miyake, em entrevista ao RDtv. “Nesse período é de extrema importância conversar com as crianças, com cuidado, sobre o que está acontecendo no mundo. Lógico que não falará das desgraças que vem acontecendo, mas é importante explicar o que acontece de verdade, sem mentiras, e explicar a importância de ficar dentro de casa”, orienta.
Para a profissional, em meio do isolamento social, a internet pode ser um aliado de entretenimento assim como está a disposição para que as crianças não estejam blindadas de todas as informações, por este motivo a importância de existir clareza. “É momento perfeito de das voz às crianças, interagir e ver o sentimento real dos pequenos. A mentira não é aliada, principalmente nesse momento”, acrescenta.
Apesar do período gerar muitos questionamentos que deixam as pessoas desnorteadas e confusas, a orientação para os pais é que “para amenizar a situação, é necessário cuidar e entreter as crianças de maneira saudável”. Entre as vastas opções do que fazer durante a pandemia estão a prática de leitura, jogos que estimulam a criatividade e exercitar atividades escolares, que são aplicadas atualmente em sistema home office.
Escolas estimulam crianças com ação solidária
Com o propósito de promover interação entre as crianças e diminuir os impactos causados pelo coronavírus, a Escola Pingo de Gente, que atua com berçário e educação infantil, em Santo André, atrelou o bem-estar dos pequenos com ação solidária. Pertencente ao projeto desenvolvido pelo Consórcio Intermunicipal do ABC em parceria com a Associação das Escolas Particulares do ABC (AESP-ABC), a escola arrecada alimentos não-perecíveis, materiais de limpeza e higiene para ajudar a população em situação de vulnerabilidade social.
Na ação denominada como Drive-thru Solidário Regional, a população pode entregar os produtos na própria escola sem sair do carro, com cuidados básicos de higiene, sem correr riscos de contrair a doença. “Nessa ação estimulamos que as crianças participassem e viessem junto com os pais para rever os funcionários da escola, uma forma de matar a saudade e ajudar quem precisa”, explica a diretora Lucineia Sarti.
Para Lucineia, quando se envolve a criança na ação solidária é possível desenvolver o senso da importância de ajudar e contribuir com o próximo. “Trabalhamos questões da importância de se solidarizar e se colocar no lugar do outro. Vemos muitas crianças com poder aquisitivo melhor que ainda tem essa dificuldade de se ver no lugar do outro e de ajudar quem mais precisa”, acrescenta. Em alguns casos, a diretora conta, ainda, que além de ajudarem com os alimentos, as crianças pedem para abraçar os funcionários da escola. “É um momento de reencontro, e que emociona ambas as partes”, lembra.
Na visão da psicóloga, a ação é muito mais do que bem vinda, tendo em vista que a escola trabalha com crianças de até seis anos, consideradas primeira infância. “É nessa idade que começa a formação da personalidade, fase em que a criança vai aprender tudo o que vai usar para a vida e, se trabalhado essas questões nesses momentos, lá na frente haverá um reflexo totalmente positivo”, afirma.
Quem auxilia na ação solidária com a entrega de donativos ganha, ainda, uma máscara de proteção, que agora tem uso obrigatório em todo o Estado, inclusive nas sete cidades do ABC.
Apesar das mortes, do isolamento social e das questões negativas que a pandemia trouxe, Ana Keila e Lucineia concordam que é momento certo para as pessoas se cuidarem, desenvolverem o aprendizado no aconchego do lar e promoverem interação e conexão familiar. “É tempo de tranquilizar as inquietações, reforçar que é o momento de cuidarmos uns dos outros para sairmos juntos com um melhor aprendizado e saúde”, enfatiza a psicóloga.
Veja vídeo das doações na escola: