Em Santo André, o isolamento social também afetou o transporte público. As medidas contra a disseminação do vírus geraram resultados positivos, visto que houve utilização por apenas 24,3% dos usuários comparado ao número total por semana, o que gerou impacto de R$ 11,5 milhões na receita. Por outro lado, o índice é o maior desde março. Os idosos, que por semana representam 56% dos passageiros, continuam sendo motivo de preocupação. Assim, para amenizar o risco de contágio, a partir de segunda (04/05), a utilização de máscaras no transporte coletivo passa a ser obrigatória.
Andrea Brisida, secretária adjunta de Mobilidade Urbana de Santo André e coordenadora do GT de Mobilidade do Consórcio, apresentou dados importantes sobre a aderência dos usuários do transporte público no primeiro dia de obrigatoriedade no município, em entrevista ao RDtv. “Hoje pela manhã, 95% das pessoas que fizeram uso do transporte já tinham suas próprias máscaras”, aponta.
Devido a um atraso por parte do fornecedor, a distribuição de máscaras para a população nas unidades de pit stop do Terminal Vila Luzita e Estação Celso Daniel, só acontecerá a partir de terça-feira (05/05), por isso, os passageiros sem máscaras ainda foram permitidos nas viagens desta segunda (04). “A intenção não é causar constrangimento. Orientamos que as pessoas façam máscaras caseiras como forma de proteção para si e para os outros”, diz a secretária.
Embora a cidade tenha redução significativa de usuários, já que, de 211 mil por semana em dias úteis, foi para 51.290, o número é crescente, visto que é o maior registrado desde 23 de março, o que é consequência também da queda na taxa de isolamento social na cidade. Há 15 dias atrás, esse número era de 47 mil, o que representa 22% da demanda total fora da pandemia. Segundo a secretária, o número ideal seria entre 17% e 18%.
Uma preocupação frequente na administração desde o início da pandemia, são os idosos, que apesar de fazerem parte do grupo de risco da doença, não tem cumprido efetivamente com as medias. “De 04 de abril a 02 de maio, houve aumento 56% de maiores de 60 anos no transporte público da cidade”, aponta Andrea Brisida. Do total de passageiro nos dias úteis por semana (51.290), 5.800 por dia são maiores de 60 anos, o que representa 59% do número total de usuários por dia.
O impacto também foi presente na economia. Em março, houve queda na receita do sistema de transporte público de R$ 6,5 milhões, apenas em Santo André. A projeção é que haja um aumento para R$ 11,5 milhões em abril, o que representa 80% do total. “Como os trabalhadores são a maioria que pagam a tarifa, e grande parte está afastado ou em home office, a queda foi grande, visto que muitas pessoas que ainda utilizam o transporte neste período, são beneficiários da gratuidade”, explica.
Para quem ainda precisa fazer uso do transporte coletivo, a secretária alerta para cuidados essenciais. “Os ônibus são desinfectados três vezes ao dia. Orientamos que, além de todos os cuidados básicos, a população evite horários de pico se possível, e faça uso de cartões para evitar o contato com dinheiro”, diz. Na cidade, Andrea diz que há apenas de dois a três casos suspeitos do vírus em motoristas que já foram afastados, além dos que estão no grupo de risco.
Motoristas de aplicativo
Quem também fica ainda mais exposto a doença, são os motoristas de aplicativos, que, a partir desta segunda-feira (04/05), passaram a fazer parte do grupo de testagem rápida em São Caetano. O teste, que antes era destinado apenas para comerciantes e comerciários, agora também vale para esses profissionais.
Eduardo Pacheco, trabalha no ramo e, ainda no início da manhã desta segunda, foi ao local de coleta para realização do exame na cidade. Em entrevista ao RDtv, o motorista mostrou em tempo real a chegada do resultado do exame, que deu negativo. “Cheguei no local 6h30 da manhã e já tinha cerca de 50 carros na minha frente, diz.
O processo de testagem, que funcionou através de distribuição de senhas, preenchimento de relatório e coleta de sangue, aconteceu o tempo inteiro com os motoristas dentro do carro. “O teste em si demorou cerca de 12 minutos, foi bem rápido. O que demorou foi a fila que estava gigantesca”, relata Pacheco.
Sobre o rendimento do trabalho em tempos de Covid-19, Eduardo Pacheco explica que o lucro caiu drasticamente. “Tá difícil. As pessoas não estão saindo de casa. Minha renda caiu em 80%”, afirma. Como forma de amenizar o prejuízo, a solução foi acionar os contatos e fazer viagens programadas. “Liguei para pessoas que conheço que utilizam o aplicativo ou transporte público e ofereci fazer esse serviço”, explica.
O motorista conta que também aderiu a outras formas para complementar a renda mensal, já que vai ser pai daqui a pouco tempo. “Comecei a trabalhar de motoboy em um restaurante. De manhã sou motorista de aplicativo, e a partir das 11h faço entrega de marmitas”, conta.
Sobre o perfil dos passageiros, Pacheco afirma que houve mudanças. Pessoas a caminho para o trabalho, banco e mercado são as mais presentes nas corridas. “O pessoal pergunta se tem álcool, disponibilizo e oriento abrir as janelas e usar máscara”, afirma. Os cuidados com o ambiente também são prioridade, uma vez que, após o término de cada viagem, Eduardo higieniza maçanetas e superfícies de contato. Segundo o profissional, os custos com os materiais de higienização são reembolsados pela empresa Uber.