Com as medidas de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, quem faz uso de medicamentos de alto custo e precisa retirá-los todos os meses se preocupa. Para diminuir a aglomeração nas farmácias que distribuem esse tipo de remédio, o Estado passou a disponibilizar as medicações para até três meses, além de controlar o número de acesso de usuários no interior da unidade.
Uma moradora de Ribeirão Pires, de 30 anos, que prefere não ser identificada, faz parte do grupo de risco e relata que utiliza o medicamento de alto custo há seis anos, mas sente medo ao precisar se deslocar até a farmácia do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. Por isso, sugere outros métodos para que o remédio chegue até os pacientes. “Já que as pessoas não podem sair de casa, o hospital deveria entregar os medicamentos em farmácias locais da cidade. Ou fazer uma parceria com motoboys para realizarem a entrega”, diz.
A munícipe, que retira o medicamento mensalmente, ainda fala sobre o perigo de contágio ao ir até o local, onde há pessoas com outros tipos de enfermidades. “Lá encontramos idosos que não tem ninguém para pegar por eles, além de pacientes com vários tipos de doença. É um perigo pois a maioria é do grupo de risco”, conta.
Álcool em gel e orientações dos funcionários são presentes na unidade, de acordo com a moradora, que diz que nem sempre as medidas são suficientes. “Às vezes falta álcool em gel. Eu me protejo com máscara, mas há pessoas que ao menos respeitam o distanciamento mínimo”, relata.
Há três anos o morador de Santo André, Genivaldo Silvério, 59, retira medicamentos na farmácia de alto custo do hospital Mário Covas e diz que as medidas tomadas pelo Estado tiveram impacto positivo no funcionamento do local durante o período de pandemia. “Distribuíram os medicamentos para um tempo maior, então evitou que pessoas se aglomerassem para retirá-los”, conta o aposentado.
Silvério ainda diz que, há um mês, quando buscou sua medicação pela última vez, havia atendentes orientando os munícipes sobre a mudança no sistema de retirada e precauções necessárias para conter a disseminação do vírus. “Além de não haver mais espera e muita gente ao mesmo tempo, o processo ficou mais rápido. Há funcionários informando a população sobre as mudanças”, explica.
A aposentada Maria de Souza, 61, conta que, para retirar os medicamentos na farmácia de alto custo, precisa da ajuda dos filhos, já que faz parte do grupo de risco do vírus. “Quando preciso pegar meus remédios peço para alguém ir por mim, pois sou de idade e diabética, correr esse risco é muito perigoso”, diz. A idosa completa que, de acordo com os filhos, a demora na fila passou a ser menor, visto que há menos pessoas realizando a retirada ao mesmo tempo.
Questionada, a Secretaria de Saúde do Estado esclareceu que as unidades seguem as recomendações para prevenção ao Covid-19, como o foco no distanciamento seguro entre pessoas, fornecimento de remédios para até três meses para medicamentos permitidos nos protocolos de assistência farmacêutica e intensificação da limpeza de superfícies e do ambiente. Além disso, a compreensão da população para evitar aglomerações é fundamental para a saúde individual e coletiva.