O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), não escondeu sua irritação com a articulação feita pelo Governo do Estado em torno do planejamento de combate ao novo coronavírus (Covid-19) em entrevista ao RDtv, nesta quinta-feira (23). O chefe do Executivo fez duras críticas ao governador João Doria (PSDB) e considera que o tucano e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão antecipando o debate eleitoral para as eleições de 2022.
Questionado sobre as críticas feitas ao decreto que permite que prestadores de serviço retornem ao trabalho seguindo as diretrizes sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michels relatou que a iniciativa individual de Diadema já era articulada por outros municípios e que era necessário regulamentar uma situação que já era vista no dia a dia, mesmo em meio a quarentena.
“Essas pessoas já estavam trabalhando, então não adianta tampar o sol com a peneira, ou você legaliza essas pessoas que estão trabalhando, regulariza as coisas e para de agir com hipocrisia ou as pessoas ficam só na questão do medo. Muitas vezes não é nem o medo, mas sim o aproveitador que quer aproveitar para não pagar mais as contas, não quer ter mais o compromisso com o patrão, é a pessoa que não está nem aí para nada. Estamos aqui com muita responsabilidade. Não tem flexibilização de nada”, explicou.
Lauro afirmou que levou em conta o fato de Diadema ficar ao lado de duas das cidades com o maior número de casos do Covid-19, São Paulo e São Bernardo, porém, considera que Doria não está levando em conta esses detalhes para atender alguns pedidos feitos pelo município como a criação de um hospital de campanha no segundo andar do Quarteirão da Saúde, área que está pronta há pelos menos dois anos para receber uma unidade da rede de reabilitação Lucy Montoro. Local que poderia receber mais 100 leitos, sendo 20 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
“Estou na cidade com a maior densidade demográfica e o Governo do Estado mandou uma merreca para cá, o governador tem que ter vergonha na cara, porque aqui o Hospital Estadual do Serraria tem apenas uma merreca de leitos, chega a ser sete leitos só para recepção de Covid, entende? Então está ficando tudo à cargo dos prefeitos e dos municípios, e isso está errado”, afirmou.
Segundo Lauro Michels, o município recebeu do Estado R$ 4 milhões, o que é considerado pelo Executivo como “pouco”, principalmente levando em conta que a Prefeitura investiu R$ 6,8 milhões na compra de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e que ainda necessita comprar 900 mil máscaras.
Na visão do chefe do Executivo diademense, João Doria e Jair Bolsonaro transformaram o combate ao Covid-19 em uma plataforma eleitoral para 2022 e que os municípios estão sofrendo com a falta de uma maior orientação.
Exército
Lauro também revelou que a partir da próxima semana representantes do Exército vão ajudar a realizar a fiscalização do decreto na cidade e também ajudarão na orientação aos munícipes sobre o uso das máscaras, recomendado tanto pela nova diretriz municipal como também por decreto estadual. Segundo o prefeito, o mesmo tipo de ação será feito de maneira regional.