Se reinventar é o novo desafio dos pequenos empresários e trabalhadores autônomos, público que foi fortemente afetado pela crise causada pelo coronavírus. Home office, aulas a distância e delivery são alguns dos métodos utilizados pela grande maioria, inclusive os cabeleireiros, que, com atendimento a domicilio, ainda apontam dificuldade para manter o sustento.
O fechamento de diversos estabelecimentos com a intenção de achatar a curva de casos e, assim, evitar o colapso do sistema de saúde público e privado é o método utilizado pela maioria dos países onde os casos explodiram em pouco tempo de pandemia, e tiveram que tomar decisões mais drásticas para o distanciamento social, como o lockdown, que deixa o confinamento obrigatório para todos.
O Estado de São Paulo liberou o atendimento a domicílio para prestadores de serviços, como cabeleireiros e manicures. Em Ribeirão Pires, a cabeleireira Cassia Malange, fechou as portas do salão e passou a fazer o atendimento delivery. Mesmo sendo do grupo de risco, com asma, a profissional diz precisar atender para dar conta dos gastos no fim do mês. “Os clientes ainda têm receio, mas preciso trabalhar […] o pouco que ganho vou me virando, no mês de março já não consegui pagar o aluguel do salão”, desabafa.
Os serviços prestados, valores e o número de clientes que são atendidos por dia também tiveram que se adaptar ao momento atual. “Atendo cerca de duas pessoas ao dia, o tempo aumentou uma vez que preciso me deslocar até a casa de cada um, então faço isso de carro, e com tudo isso aumentei cerca de R$ 10 a R$ 15 para cada serviço”, explica a profissional, que atende em Ribeirão Pires e Mauá.
Outro profissional afetado pela crise foi Jailson Arruda, morador de Santo André e com salão no Centro de São Bernardo. O cabeleireiro teve queda de 90% nos serviços e diz enfrentar a crise com o ganho dos clientes que ainda solicitam. “Alguém de fora está entrando na sua casa, nunca se sabe se está levando o vírus, mesmo com todos os cuidados também estamos nos expondo, mas temos que fazer o que dá para pagar as contas no fim do mês”, comenta.
“Vejo que seria melhor atendermos no nosso próprio salão, com distanciamentos entre os horários, e um cuidado maior com os clientes”, relata o profissional ao lembrar que muitos dos serviços não são possíveis fazer nas residências, como luzes. “Precisou de uma pandemia para as pessoas se importarem com a higiene, com os clientes sempre uso o álcool em gel, máscara, luva, não tem muito além disso, mas o principal tem que ser feito”.
Sobre o futuro dos prestadores de serviço, Jailson comenta que profissionais se comunicam para se informarem, mas que não há novidades sobre a reabertura. “A dificuldade está para todos, a maioria dos prestadores de serviços são autônomos. O movimento já estava reduzido, pois volta a retomar depois do Carnaval, com o Dia das Mães, e com isso tudo não sabemos como vai ser”, completa.