A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) prejudicou diversos setores em todo o mundo, e entre os muitos efeitos da crise, países fecharam suas fronteiras, voos foram cancelados em massa e milhares de pessoas precisaram desistir ou adiar seus planos de viagem por tempo indeterminado. Acontece que, quem já estava no exterior – em viagem de trabalho ou férias – ficou preso em um drama que parece interminável, enquanto outros, só conseguiram voltar para casa após muitos dias de dor de cabeça.
Caso do artista visual, Valter Nunes de Sant’Anna, conhecido como Valter Nu, que ficou retido em Portugal com seu irmão por pelo menos oito dias a mais do que o programado e só conseguiu retornar para sua casa, em São Bernardo, há uma semana. “O que seria só mais uma viagem a trabalho com o meu irmão terminou na verdade como uma grande dor de cabeça”, relata.
Em entrevista ao RDtv, o artista visual conta que deixou sua cidade natal no dia 8 de março, após ser selecionado em edital público para fazer um trabalho de esculturalismo junto com seu irmão no exterior. Com a pandemia mundial, sua volta ao Brasil que estava programada para 22 de março foi postergada, e foi quando começaram os problemas. “Após ter feito algumas conexões para conseguir trabalhar, no dia 13 de março pararam a produção, tivemos que sair do hotel, ficamos sem comida e começou um vai e volta para vários lugares”, relata.
No meio de todo o caos, Sant’Anna conta que chegou a ser direcionado para um hostel, ainda em Portugal, onde outros brasileiros também aguardavam liberação para voltar ao País. “Fomos ao aeroporto no dia da volta e descobrimos que nosso voo havia sido cancelado”, conta. Foram diversas tentativas de contato com a companhia aérea e Embaixada Portuguesa para que conseguissem voltar ao Brasil, todas sem sucesso. “Tentamos de tudo, mas até a nossa produtora nos abandonou, sobrou para nossa família nos ajudar do Brasil”, diz.
Mesmo após preenchimento de cadastro com o governo para conseguir voltar para casa, o artista conta não ter conseguido qualquer tipo de assistência, e então foi para Lisboa onde conseguiu conexão para voltar ao Brasil. “Fomos para Lisboa, de lá compramos passagem para Londres, onde finalmente conseguimos fazer conexão e chegar ao Brasil, mas tudo com dinheiro do nosso bolso e da nossa família. Se não fosse por isso, estaríamos presos lá até hoje, vivendo em um terror”, acrescenta.
Na semana em que o Brasil confirmou seu primeiro caso de covid-19, mais de 90 mil pessoas chegaram ao país vindas de nações com transmissão local do coronavírus reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Até 1º de março, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), desembarcaram nos aeroportos brasileiros 91.932 pessoas provenientes de Itália, Espanha, Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha, França e Emirados Árabes.
O Brasil decidiu restringir a entrada de estrangeiros nos aeroportos apenas em 19 de março.