Diante da previsão estadual de que um milhão de pessoas devem perder o emprego com a quarentena determinada por conta da pandemia do novo coronavírus, o covid-19, o vice-presidente da Acisbec (Associação Comercial e Empresarial de São Bernardo do Campo), Walter Moura Júnior, estima que desse total 20%, ou 200 mil desempregados, serão do ABC. O empresário falou da posição da entidade, inicialmente contra, mas depois em apoio ao fechamento do comércio, e também da necessidade de um planejamento para que, depois do confinamento, a economia inicie rapidamente o processo de recuperação.
“Esse vírus veio para mudar a relação humana e a relação comercial no mundo todo e vamos vencer isso nos adaptando, todo mundo dando a sua contribuição, por isso a importância da higienização e de não abaixar a guarda, a gente tem que vencer o quanto antes esse vírus para impacto ser o menor possível”, disse Moura Júnior.
O presidente da Acisbec considera que a prioridade é salvar vidas, mas os empresários, sobretudo os donos de pequenos negócios devem se adaptar ao momento e se preparar para a reabertura. “A prioridade é preservar vidas, mas a economia tem que andar. Temos que entender que essa pandemia vai passar e temos que começar, a partir de agora, a fazer algo diferente ao passo que a vida das pessoas vai se normalizando, porque não vamos poder ficar trancados o resto do ano, uma hora vamos ter que sair para a rua. A primeira medida é a higienização, cuidados, por enquanto nós somos favoráveis a essa quarentena, mas até o dia 7 de abril. A associação comercial enviou ao prefeito Orlando Morando um manifesto contra o fechamento do comércio, no dia 18 de março, logo no início desta questão porque não imaginávamos como seria. Assim que o governador baixou o decreto falamos com o prefeito porque as pessoas não estavam respeitando estavam na rua e tínhamos que tomar medidas drásticas” relatou.
O comércio, na opinião de Walter Moura Júnior, não vai suportar ficar fechado até o final do mês de abril. “Pensamos nisso até o dia 7 porque 15 dias com o comércio fechado já é motivo para decretar o seu fechamento, por isso a Acisbec entrou com uma campanha “compre no comércio de bairro, compre no comércio local” depois isso se expandiu para outros órgãos, assim podemos fazer com que esses pequenos comerciantes não fechem. Caso aja extensão, tem que ter medidas mais ousadas da vigilância sanitária. Tem que ter alternativa para os comerciantes atenderem as pessoas dentro das normas, sem aglomeração. O Governo precisaria não só emitir recurso, isso vai ajudar talvez, mas se tiver o comércio fechado, só para se alimentar os R$ 600 (auxílio do governo federal para os informais e autônomos) não vai dar para nada”.
Os comércios já informaram a Acisbec que começaram a demitir. “Sugerimos fazer acordo para que pudessem dar férias e redução de horário de trabalho, mas o pequeno não tem as mesmas condições das montadoras, por exemplo; não têm esse capital para sobreviver diante da crise. Os postos de gasolina, os hotéis estão vazios e estão demitindo. No ABC estará 20% do um milhão de desempregados estimado pelo estado”, aponta.
De acordo com o dirigente da Acisbec esse é o momento para a união de todos os setores da economia do ABC. “Tem que partir do setor público chamar todas as associações e sindicatos. Temos que nos unir, para a segunda fase que será a de recuperação. Vamos ter um período extremamente difícil, começar do zero, para quando as pessoas voltarem para a rua e nesse momento as medidas tem que estar na rua. Por enquanto a recomendação é ter criatividade, vontade e seguir as normas”, concluiu.