A chegada de uma das estações mais frias do ano, a partir do dia 20, anima os lojistas, que iniciam as tradicionais queimas de estoque das coleções de primavera/ verão e dão pontapé na coleção de outono, com preços baixos para alavancar vendas. Com promoções de até 70% off e facilidades de pagamento, alguns varejistas estimam crescer até 90% nas vendas.
É o caso da loja Free Calçados, em Mauá, que teve baixo rendimento no ano passado. “Nosso crescimento ficou bem abaixo da média em 2019, justificado pelo desemprego que cortou o alongamento das vendas no inverno”, comenta a gerente Vilma Pereira Gomes. Para a recuperação financeira estimada entre 80% e 90%, a aposta da lojista será nos descontos, com peças a preço até 40% inferior ao praticado normalmente.
Especialmente para a estação, a loja trabalha com botas a partir de R$ 50, sapatos fechados a R$ 39,99 e a coleção de verão – sapatilhas, rasteirinhas e sandálias – com descontos de até 50%, com valores a partir de R$ 30.
A loja de moda Caedu, em Mauá, iniciou a remarcação de peças no ano passado, com descontos que vão até 70% na coleção de primavera/ verão. O gerente Leandro Impassional defende que a ação se deu após baixa na temporada passada. “O frio leve no ano passado fez o movimento cair. É momento de recuperar o prejuízo e crescer 12% ou mais”, projeta esperançoso.
Apesar dos descontos incluírem roupas de inverno, com jaquetas a partir de R$ 49 e calças a R$ 39,99, a aposta de recuperação será nas roupas leves. “Percebemos que a clientela tem procurado roupas para o dia-a-dia, e essa será nossa aposta”, explica. As camisetas saem por R$ 9,99 e blusas de frio mais leves a R$ 15,99.
Em Santo André, a gerência da loja Besni também está otimista com a queima de estoque e destaca 30% a 50% de desconto na coleção de verão. “Nossa promoção mais atrativa está no setor de sandálias e rasteiras, que saem por R$ 29,90 e estão expostas na frente da loja”, disserta o gerente Lucas Teixeira.
Para o outono, a loja se prepara desde o início de março, também, para superar as vendas do ano passado, que foram fracas. “Pelo frio ter sido breve em 2019, não batemos nossa expectativa de vendas, e o nosso estoque foi voltado mais para o verão, o que dificultou a saída de peças de inverno”, comenta Teixeira.
Assim, a loja marcou desde já as peças com valores abaixo da tabela para chamar atenção do cliente. Moletons e botas cano curto e longo custam a partir de R$ 99,99 e tênis a partir de R$ 39,99. “Queremos vender pelo menos 10% mais”, projeta.
Menos otimista, a Mundial Calçados, em Santo André, quer crescer 6% em relação ao mesmo período no ano passado. Para isso, prepara o estoque desde dezembro com peças remarcadas, botas a R$ 79,90, tênis a R$ 99,99 e sapatilhas a partir de R$ 29,99. “Ano passado tivemos muitas oscilações, e esse ano já estamos vendo um movimento um pouco melhor. Estamos esperançosos”, defende o gerente Rodrigo Bellido.
Compra requer cautela para evitar endividamento, aponta especialista
Ainda que o período seja bom para compras em larga escala, o professor de gestão e negócios do Senac Santo André, Willian Cristian de Oliveira, que atua no ramo contábil, defende que é necessário cuidado redobrado para evitar dores de cabeça e endividamentos sem necessidade.
A orientação é que, antes mesmo de entrar em uma loja, o consumidor faça um inventário do que falta no guarda-roupa para saber o que é preciso comprar e o que será excesso. “O ideal é balancear a quantidade de cada peça que a pessoa utiliza por semana e ver se realmente o consumidor necessita daquilo antes de comprar”, explica.
Além disso, é necessário ficar de olho no orçamento familiar para ter certeza de que o consumidor não está apertado com as dívidas do dia-a-dia. “A facilidade de pagamento e parcelamento em tantos setores pode cegar o consumidor e resultar em dívidas, que podem virar uma bola de neve”, acrescenta.
Para quem se preparou e está decidido a gastar no período, a dica é pesquisar bastante e escolher peças que serão usadas em longo prazo. “Para quem está decidido, o ideal é comprar as peças de verão no inverno e vice-versa. Com isso, os consumidores conseguirão o melhor valor”, acrescenta. (Colaborou Nathalie Oliveira)