Domingo, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher, data que marca o resultado da luta das mulheres por meio de manifestações, greves e outras ações. A mobilização política, ao longo do século 20, deu importância para esse dia como momento de reflexão e de luta, e a construção dessa data, oficializada pela Organização das Nações Unidas, na década de 1970, está relacionada a uma sucessão de acontecimentos. Por isso, este ano, o 8 de março na região será celebrado por algumas atividades em homenagem à mulher, mas poucas discussões em torno das questões que há séculos afligem o universo feminino.
O 8 de março representa a luta histórica de engajamento das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas atualmente simboliza a luta das mulheres também contra o machismo e a crescente violência. Basta olhar para o número de casos de feminicídio praticados contra a mulher ano passado no Estado de São Paulo. Foram 154 mortes para 134 em 2018, uns 15% a mais. Em quase 80% das ocorrências o autor do crime é o companheiro ou ex-companheiro da vítima. E 68% destes crimes ocorreram dentro da casa da vítima, por ciúmes ou vingança após separação.
Mas até que o feminicídio se estabeleça, a violência contra a mulher atua às escondidas. O que dizer da falta de vagas na escola perto de casa para a mulher trabalhar, dos meses de espera nos postos de saúde para fazer uma consulta ou uma mamografia ou outro exame importante, do abuso diário no transporte público, da falta de estrutura nas estações para a mãe amamentar ou trocar a fralda do bebê, da falta de segurança nas cidades, da falta de apoio financeiro para disputar espaço na política, da falta de respeito só porque resolveu usar uma saia curta, do machismo crônico?
Este 8 de março não tem nada para ser comemorado, mas para refletir sobre o tamanho da dívida que a sociedade ainda tem com a mulher. Que as instituições públicas e privadas promovam mais caminhadas, serviços de acolhimento, debates, exposições e, sobretudo, a reeducação dos homens e condições, de fato, dignas e iguais para todas elas.