A advogada Alessandra Jirardi, que defende os irmãos Juliano de Oliveira Ramos Júnior, de 22 anos, e Jonathan Fagundes Ramos, de 23 – acusados de participação no crime que vitimou Homoyuki e Flaviana Gonçalves, além do filho do casal Juan – disse que aguarda uma posição da Polícia Civil e do Ministério Público a respeito do pedido de colaboração premiada, uma vez que os dois réus confessam o crime e demonstram intenção de dizer a verdade. Além dos dois estão presos, a filha mais velha do casal assassinado, Ana Flávia, a companheira dela, Carina Ramos (prima dos dois rapazes) e Guilherme Ramos da Silva.
A defensora ampara seu pedido no fato dos irmãos terem prestado depoimento confessando o crime, sendo que Jonathan se entregou à polícia na cidade de Praia Grande. A colaboração premiada está prevista na lei 9.807/99 e pode atenuar a pena dos acusados. “Se eles forem condenados por homicídio triplamente qualificado vou apresentar aos jurados que eles colaboraram e isso pode ser considerado na dosimetria da pena”, explica Alessandra que esteve nesta segunda-feira (02/03) no DEIC (Departamento de Investigações Criminais) de São Bernardo para conversar com o delegado Ronald Quene Justiniano Marques, que conduz as investigações. “Foi uma conversa longa, ele me contou sobre a prorrogação da prisão temporária (que venceu no 30º dia da prisão) e a quebra do sigilo telefônico. Tratamos também da reconstituição, prevista para acontecer esta semana, mas que ainda depende da disponibilidade dos peritos”, reproduziu.
A defesa quer que Juliano e Jonathan sejam ouvidos novamente pela polícia, uma vez que os primeiros depoimentos prestados por eles na delegacia foram feitos sem a presença de um advogado. “O Juliano deu três versões diferentes; o Jonathan, duas, porque estavam sem um defensor, eu cheguei no caso bem depois. Pedi para que fossem ouvidos novamente, mas parece que a polícia acha que já tem o suficiente”. Alessandra Jirardi tem um trunfo nas mãos, que é um objeto que seria a arma do crime e que está disposta a entregar à polícia como mais uma forma de conseguir o benefício da colaboração premiada. Ela não revela que objeto é esse, mas diz que é importante para a investigação. “Até agora todas as provas são testemunhais, eu apresento uma prova material”, disse a representante dos acusados, que analisa a possibilidade de entregar o objeto mesmo que seu pedido não seja aceito. “Vamos aguardar posição da polícia e do Ministério Público”, finaliza.
Os três rapazes presos dizem que o crime começou como um roubo e que a ordem para matar a família partiu de Carina e Ana Flávia. Por sua vez as duas dizem que planejaram apenas um roubo. A defesa de Ana Flávia e Carina mantém a posição. “As meninas assumiram a intenção do roubo, mas negam qualquer querer de cometimento das mortes”, explicou o advogado Lucas Domingos. Sebastião Siqueira, que também atua na defesa das duas, acrescentou que é favorável a realização, o mais breve possível, da reconstituição. “Não sei porque não foi feita ainda a reconstituição e a acareação também. Elas são importantes para a busca da verdade real”, resume.