O segundo mês do ano é marcado pela campanha Fevereiro Laranja, que chama a atenção para a importância do diagnóstico, prevenção e tratamento adequado da leucemia. De acordo com a Lei 17.207/2019, a campanha deve ser realizada anualmente com ações educativas de conscientização com o ressalto da importância de doar a medula óssea.
Davimar Borduchi, coordenadora de hematologia da oncologia da Rede D’Or no ABC, explica que a leucemia é dividida basicamente em dois grandes grupos, classificada como aguda ou crônica. O primeiro caso é mais agressivo e pode levar à falência medular, que consiste na baixa de todas as células sanguíneas, quadro que pode evoluir rapidamente para a morte. “Ou se faz o diagnóstico precoce da leucemia crônica ou o paciente morre sem diagnóstico”, alerta a médica.
A leucemia linfoide aguda atinge principalmente crianças e adultos, enquanto a mielóide é mais diagnosticada em idosos. Nos pequenos, a chance de cura é de cerca de 80% e na fase adulta varia entre 40% e 60%. No entanto, o principal risco com relação a essa variedade é a recaída, quando a doença volta depois de algum tempo e, geralmente, de forma mais agressiva. Nesses casos, além de tratamentos radio e quimioterápicos, o transplante de medula passa a ser considerado.
Já nos casos crônicos, mais comuns em idosos acima de 65 anos, a evolução é mais lenta. Cerca de um terço dos pacientes que têm a versão linfoide crônica da doença vive normalmente. “Há uma resposta bastante satisfatória e, mesmo nos casos que exigem tratamento, a chance de sobrevida com qualidade é alta”, afirma. Apesar de ser uma doença séria, a leucemia não precisa ser encarada com desespero. Com auxílio de novas tecnologias, que atuam de forma mais direta nas células cancerosas, há maior chance de melhora.
É importante também estar atento a comportamentos de risco que podem auxiliar no desenvolvimento da doença, como exposição a agentes tóxicos, como derivados de petróleo e radiação. Entre os fatores que influenciam estão também questões genéticas e exposição anterior a tratamentos contra o câncer, principalmente em pacientes idosos. Para evitar maior risco, Davimar recomenda adoção de hábitos saudáveis. “É importante ter um corpo saudável para poder usufruir ao máximo dessa saúde”, diz.
Também é necessário estar atento aos sintomas que indicam que algo não vai bem, como anemia, fraqueza e sonolência extrema, febre, infecções, falta de apetite e, principalmente, sangramentos, que podem ser percebidos nas mucosas, urina, fezes e em manchas roxas na pele. O diagnóstico é feito, principalmente, através de hemograma e assistência médica deve ser procurada imediatamente no caso de algum desses sintomas, associados ou não.
“Leucemia aguda é leucemia aguda. A pessoa dorme sem ela e acorda com a doença, por isso é importante estar atento e não achar que não é nada, porque a evolução é muito rápida”, completa a médica.
As Prefeituras do ABC não informaram os casos de leucemia e o INCA (Instituto Nacional do Câncer) só possui dados regionais da doença, sendo que a média estimada no Estado de São Paulo são cerca de 2.200 novos casos de leucemias para 2020.