Passados três meses desde que Maria Marques Martins dos Santos, 38, viu o filho Lucas Eduardo Martins dos Santos, 14, pela última vez com vida, nenhuma explicação sobre a morte do garoto foi dada pelo Estado. A falta de resposta motivou familiares a realizarem, nesta quinta-feira (13), protesto em frente ao Fórum.
A tia do garoto, Isabel Daniela dos Santos, relata que, por ser um caso que tramita em segredo de Justiça, familiares e amigos seguem sem qualquer informação. “As últimas informações que recebemos foram de que os policiais abordaram o Lucas na casa dele e depois liberaram, mas como ele pode ter morrido sem explicações? ”, indaga.
Lucas sumiu após uma abordagem policial, segundo a família, e foi encontrado morto no lago no Parque do Pedroso, em Santo André, em 15 de novembro do ano passado. O garoto saiu de casa durante os primeiros minutos da madrugada de 13 de novembro para comprar um refrigerante em uma quitanda próxima de sua residência, na vila Luzita, quando sumiu.
Familiares e vizinhos afirmaram que o menino foi abordado por policiais militares entre o trajeto de volta da venda para a casa, tendo como testemunha o comerciante, que confirmou à Justiça ter atendido o menino.
Laudo necroscópico apontou que Lucas morreu em decorrência de afogamento e que não havia vestígios de violência no corpo, o que confronta as informações da família. “Encontraram marcas de coturnos ou botas no agasalho do Lucas. Ele apanhou, sabemos disso, e queremos uma resposta”, questiona a tia do garoto.
Os parentes de Lucas defendem que as investigações não têm levado a caminho algum, a não ser a impunidade, uma vez que, 90 dias após o caso, nada foi repassado pelo Setor de Homicídios de Santo André ou pela Corregedoria da Polícia Militar.
Na principal linha de investigação adotada pelas polícias estava o exame de DNA do sangue encontrado na viatura M-41222 (2º Cia do 41º Batalhão) para determinar o rumo, mas o laudo teve resultado positivo para sangue humano, no entanto “inconclusivo” se era de Lucas ou não, o que levou o caso a ser segredo de Justiça.
Para o presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Dimitri Sales, da parte que compete o conselho, a família recebe assistência, mas a investigação complica a solução do caso. “É um caso bem difícil, segredo de Justiça sob inquérito policial”, defende.
Segundo Sales, a forma como se deu o possível sequestro, seguido de morte, impediu que se pudesse chegar aos autores, uma vez que a única testemunha apontada pela família negou ter visto a abordagem. “Tudo isso complica a apuração, mas esperar não vai resolver o problema. É preciso que o segredo de Justiça seja revogado e haja transparência na apuração”, completa.