Se não se enxerga o morador de rua como um ser humano, com todos os seus direitos, não se pode considerar uma determinada região desenvolvida. O desenvolvimento pressupõe direitos e atendimento para todos. Levantamento feito pelas prefeituras a pedido do RD mostra que faltam atendimento para todos em albergues e outros tipos de assistência social. A capacidade dos municípios não abrange mais do que 20% da população em situação de rua.
O morador de rua é uma parte da economia da cidade. Muitos trabalham com recicláveis, outros vendem produtos nos faróis, uma economia invisível, mas que existe e deve ser considerada porque graças ao trabalho deles outros microempreendimentos também sobrevivem. Ou seja é uma questão social e de saúde pública é econômica também.
É fato que há atendimento por parte dos municípios, talvez não em número suficiente. Também há atendimento social feito por entidades assistenciais, que por sua vez também passam por uma crise como nunca antes vista. Essas instituições que prestam um serviço de grande importância recebiam muitas doações que ajudavam a manter as contas e as dispensas cheias, mas com a crise econômica e o consequente desemprego, os donativos reduziram-se e essas entidades acabam por usar a totalidade dos recursos que recebem como subvenções que muitas vezes não são suficientes. Com isso várias entidades, como já mostramos no RD, fecharam suas portas.
O assunto, no entanto, não é considerado prioridade quando o debate é regional. As pessoas que vivem sob marquises e viadutos não enxergam divisas vão onde conseguem abrigo, segurança e meios de sobrevivência. Esse tema tem que ser encarado de forma regional e é tão importante quanto o trânsito, a saúde a segurança pública e pluviometria. Não adianta acolher de noite, dar refeição e banho e jogar na rua de dia essas pessoas precisam de mais dignidade.