Em crise, motéis do Riacho Grande ameaçam fechar

Índice de ocupação das 35 suítes do Motel Influence não passou de 20% em novembro (Foto: Pedro Diogo)

Depois do fechamento de três dos maiores restaurantes da Rota do Frango com Polenta, no bairro Demarchi, em São Bernardo, agora são os motéis na região do Riacho Grande que sofrem com a falta de clientes. Dos estabelecimentos que havia na estrada Martin Afonso de Souza, metade já fechou as portas e os empresários que restam reclamam da dificuldade em manter os empreendimentos em funcionamento.

Em busca de alternativas para atrair clientes, os empresários disseram que precisam de apoio para informações de trânsito que indiquem a localização dos locais de hospedagem. Segundo Carlos Alberto Soares Sobrinho, proprietário dos motéis Estoril e Panters, a dificuldade de informações sobre hospedagem aumenta a crise no ramo. “Hoje o nosso forte não são mais os casais, isso porque as famílias aceitam melhor os relacionamentos entre namorados. Atendemos muitos viajantes, vendedores, pessoas que passam pela rodovia Anchieta e Rodoanel. Poderíamos atender mais se houvesse placas de indicação de hospedagem”, aponta o empresário. “As pessoas param para abastecer e procuram local para descansar até seguir viagem”, justifica.

Newsletter RD

Soares diz que em outras rodovias isso é bastante visto, mas o mesmo não acontece na Anchieta. “Por causa disso, perdemos clientes de passagem e também os turistas que vem até a prainha do Riacho e vão embora se hospedar em outros locais”, diz o empresário, que contabiliza somente na estrada Martin Afonso de Souza pelo menos oito motéis, mas já teriam sido 16. “Metade já fechou as portas e os que estão funcionando têm muita dificuldade de se manter. Somos um grupo de empresas pequenas, mas empregamos muita gente. Somente aqui são mais de 300 acomodações [entre suítes e chalés], ou seja, é o maior hotel de São Bernardo”, contabiliza.

De acordo com o empresário, até 2018 esses estabelecimentos empregavam cerca de 300 pessoas. Hoje o número é pouco mais da metade. “No meu caso eu fico com 50% de ociosidade em média. A maioria de nós está lutando para sobreviver”, comenta.

Silvana Rinaldi, proprietária do Motel Influence, disse que até novembro o índice de ocupação das 35 suítes não passava de 20%. “Em dezembro a situação melhorou um pouco, mas já faz muito tempo que não o motel não lota. Antes a nossa região era mais prestigiada e mais divulgada. Acredito que as placas na rodovia podem ajudar, mas não é apenas isso, precisamos de um conjunto de ações para atrair o público”, disse a empresária, que tem 10 funcionários, a metade que tinha em 2018, ano que para ela foi o marco da crise no segmento. “Depois da greve dos caminhoneiros, nosso movimento caiu 60% e não recuperamos mais”, disse.

O Influence começou a ser ampliado há dois anos com novos chalés, mas com a crise a construção parou na metade. Silvana não imagina quando vai retomar a obra. “Reformei todas as suítes que já tínhamos em funcionamento, tivemos um investimento, mas do jeito que está não dá para continuar a ampliação”, analisa.

A Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes, informa que não é possível a colocação de placas indicando os motéis. “As placas de sinalização em rodovias devem indicar estabelecimentos com acesso direto pela rodovia, o que não é o caso em questão”, resumiu em nota.

A prefeitura de São Bernardo informou em nota que a secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Trabalho e Turismo tem interesse em conversar com os empresários para buscar o fomento do setor. “A administração informa que até o presente momento não foi procurada por representantes da rota de motéis para tratar do assunto, mas está de portas abertas para buscar uma solução em conjunto, uma vez que é de interesse desta gestão a promoção de emprego e renda à população”, sinalizou.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes