Escolas de Samba lutam pela sobrevivência do Carnaval na região

Pelo 4º ano consecutivo prefeituras da região confirmaram que não farão desfiles de Carnaval. A justificativa, desde 2017, é de que o valor que seria gasto nos eventos tem sido aplicado em áreas prioritárias do governo. Entretanto, mesmo sem aporte do poder público, as escolas de samba se unem com economias privadas e garantem que, antes mesmo do feriado (25 de fevereiro), farão atos carnavalescos, ainda que mais enxutos, para atender foliões e apaixonados pelo ziriguidum.

Palmares celebra com apoio da iniciativa privada (Foto: Divulgação)

Em Santo André, os presidentes da Ocara Clube, Vila Alice, Leões do Vale, Palmares, Império do Parque Novo Oratório e Lírios de Ouro, que integram a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba de Santo André), organizam ato carnavalesco dia 15 de fevereiro, às 12h, na Concha Acústica, no Centro. “Com ajuda de apoiadores da iniciativa privada, vamos realizar o evento, não vamos deixar a data passar em branco”, afirma o presidente da Palmares, Adilson Gonzaga Martins Alves.

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Alves, que também integra o Conselho Fiscal da Liesa, conta que o grupo foi formado em 2018 na intenção de organizar, em parceria com escolas de samba da cidade e Prefeitura, desfiles oficiais a preço reduzido, no entanto, sequer receberam atenção do governo. “Tentamos nos reunir com o prefeito para discutir o Carnaval, mas ele sequer atendeu as escolas. Ele não liga se é tradição, nem dá importância cultural à festa, só nos deixa de lado, todos os anos”, completa.

Na mesma linha, Ricardo Bastos (Ricca), que está à frente da organização da 4ª edição do CarnaSeci, diz que, mesmo sem apoio da Prefeitura, não deixará os foliões sem Carnaval. “Tentamos aproximação com a Prefeitura, mas não tem conversa […]. Ainda sim, não vamos deixar a população na mão, vamos colocar a fantasia e nos divertir”, afirma. A festa da escola ocorre também no dia 15 de fevereiro, a partir das 16h, na avenida das Nações, 2090, Parque Novo Oratório, com presença de escolas ligadas à UESA (União das Escolas de Samba de Santo André). No espaço haverá barracas gastronômicas, venda de bebidas e a expectativa é que ao menos 1.500 foliões participem da festa pré-carnavalesca.

Ainda que sem verba pública, a Prefeitura de Santo André informou em nota que terá atividades na data, mas que ainda não foram definidas.

Tradição
São Bernardo completa três anos sem Carnaval em 2020. Em mais um ano, a Prefeitura manteve posicionamento de não repassar recursos para a organização das escolas de samba. Com a decisão, a tradição dos mais de 80 anos de Carnaval na cidade deve ser mantida com blocos e desfiles enxutos, conforme explica Os valdo Rocha da Silva, diretor do Conselho de Cultura Uma só Voz, criado para representar as escolas de samba da cidade.

“Desde 2017 enviamos pelo menos 11 ofícios a pedido do Carnaval, mas a atual gestão não dá bola, simplesmente estão acabando com uma tradição sem argumentar com a comissão”, reclama. Desse modo, para manter o samba no pé dos foliões são-bernardenses, o Sindicato dos Metalúrgicos, em parceria com o Conselho de Cultura, promove ato carnavalesco no dia 16 de fevereiro, na rua João Basso, 231, no Centro, com samba, afoxé, marchinhas e participação de escolas de samba de São Paulo.

São Caetano e Ribeirão Pires informaram que a agenda de eventos temáticos gratuitos segue em fase de elaboração, mas que não farão desfiles oficiais. Em Diadema e Rio Grande de Serra não haverá Carnaval promovido pelo poder público. Mauá não respondeu até o fechamento da reportagem, no entanto as escolas ainda definem formatos menores de festança.

Unificação é aposta para 2021

Diante do cenário, a Liga das Ligas do ABC, entidade fundada em 2011 e responsável pelas ligas da região, iniciou discussão a respeito da viabilização do Carnaval regional com apoio do Consórcio Intermunicipal do ABC. As articulações começaram após ameaças à sobrevivência dos desfiles das escolas de samba nos municípios, e agora o assunto será levado aos pré-candidatos a prefeito da região.

“Centenas de cidades, até mesmo fora da região, tiveram seus desfiles cancelados sob justificativa da falta de recursos públicos, mas não podemos deixar isso acontecer”, afirma a presidente da Liga das Ligas do ABC e da Uesma (União das Escolas de Samba de Mauá), Meire Terezinha da Silva.

A ideia é que o assunto seja debatido com os pré-candidatos para que, a partir de 2021, os municípios se unam e os representantes das ligas municipais possam discutir e promover anualmente atos carnavalescos de grande proporção em uma cidade sorteada. “Vamos ver quem se compromete a abraçar e integrar o projeto ao plano de governo para desenvolver a proposta”, acrescenta.

Na visão de Meire, o Carnaval vai além do ato de celebração, mas fomenta o turismo e a cultura na região, além de promover trabalho e renda aos munícipes. “Além de ser uma tradição, temos pessoas que dependem disso para sobreviver”, explica. “Se forem às nossas quadras, verão que muita gente está trabalhando para levar sustento para casa. O Carnaval não é bagunça, e precisamos de um olhar cuidadoso”, finaliza Hamilton De Paula, vice-presidente da UESA.

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