A explosão de quase 1,6 mil novos casos de dengue em um ano no ABC, onde em 2018 somente 78 foram infectados com a doença, leva a crer que as prefeituras têm, sem sombra de dúvida, enxugado gelo no combate ao mosquito Aedes aegypti, velho conhecido dos gestores públicos em todo o Brasil e causador de outras enfermidades ainda mais graves, como a zika e a chikungunya. Isto quer dizer que está tudo errado.
O fato é que o ABC tem perdido, faz tempo, a guerra para um simples inseto, mas com eficiência e flexibilidade infernais, que faz de criadouro restos de água acumulados até num papel de bala jogado na rua pelo cidadão sem educação. Uma vergonha registrar a vitória do mosquito se levado em conta o poder econômico da região, um dos melhores do País.
É preciso, urgente, ir além de medidas emergenciais e do trabalho de conscientização porta a porta, pouco ou nada eficiente. Sabe-se que a maior parte dos focos do mosquito está nos domicílios, mas pouco as equipes da vigilância sanitária, de fato, adentram nestes locais. Para medir a eficiência desta ação basta perguntar para a pessoa ao lado ou o vizinho se alguma vez já recebeu técnico da Prefeitura para averiguar o interior do imóvel em época de campanha. Uma utopia. São muitos os criadouros lá dentro, além de pratinhos de plantas, como calhas, falhas no reboco, lixeiras, telhados, lajes, piscinas e vasilhas para animais.
O que dizer, também, do lixo acumulado nas ruas, repleto de criadouros. O desabastecimento de água nas cidades obriga o armazenamento por parte da população, que esquece do mosquito tal a prioridade. São muitas as brechas deixadas pelos gestores para o mosquito atacar. Falhas de educação, saneamento, planejamento urbano, obras e infraestrutura. É falha do poder público por todo canto