Dezoito dias após seu desaparecimento o corpo do menino de Lucas Eduardo Martins dos Santos, de 14 anos foi enterrado no Cemitério Curuçá, em Santo André, por volta das 13 horas desde sábado (30/11). A mãe do jovem, Maria Marques Martins dos Santos, de 38 anos, que foi presa no último dia 19/11 já que sobre ela pesava um mandado de prisão por tráfico de entorpecentes, foi autorizada a sair do presídio para comparecer ao velório do filho, que também foi acompanhado por muitas pessoas que prestaram a última homenagem ao rapaz cujo corpo foi localizado no lago do Parque do Pedroso no dia 15, três dias depois do seu desaparecimento.
A mãe do jovem, no entanto, chegou acompanhada de agentes penitenciários, vestida com roupas do presídio e algemada. A permanência no velório foi pequena; ela ficou apenas 15 minutos no local e foi levada de volta. Emoção e revolta marcaram o sepultamento do adolescente que aconteceu na quadra 93 do cemitério municipal que fica na rua Coréia. Muitas coroas de flores cercam o local do sepultamento. Palmas ecoaram na necrópole quando o caixão foi colocado na sepultura.
A família sustenta que policiais militares levaram o rapaz. Dois PMs foram afastados do trabalho nas ruas e estão fazendo serviços administrativos enquanto dois inquéritos apuram o caso; um da Polícia Civil e outro da própria Polícia Militar. O advogado Dimitri Sales, presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) acompanhou o sepultamento e conversou com o Repórter Diário, sobre os encaminhamentos deste caso. “O foco agora é concluir se o sangue encontrado na viatura é mesmo de Lucas, depois cobrar a investigação e a punição dos autores deste crime bárbaro”, comentou.
Lucas não tinha nenhuma passagem pela Fundação Casa, ou histórico relacionado a qualquer atividade ilícita. “Importante destacar isso, ainda que ele tivesse qualquer problema não justificaria a atuação. As pessoas que cometeram erros respondem diante da justiça, mas não se pode admitir que uma pessoa seja arrancada de sua casa – segundo a família, por policiais – submetido às torturas mais terríveis e assassinado em seguida, isso a gente não pode admitir”, disse o membro do Condepe.
Caso
Lucas desapareceu na madrugada do dia 12/11, quando saiu de casa para comprar um refrigerante. Enquanto o rapaz estava fora policiais militares foram até sua casa, tiveram autorização para entrar, mas não revistaram o imóvel no Jardim Teles de Menezes. Quando iam embora os PMs teriam encontraram uma pessoa e a abordaram. Essa pessoa teria dito: “Eu moro ali”. Familiares disseram à polícia que a voz era parecida com a de Lucas, que não foi mais visto.
Os próprios familiares fizeram buscas pelo bairro e encontraram um usuário de drogas vestindo a blusa que era do menor. Ele apontou onde encontrou a vestimenta, atrás de uma escola do bairro. Lá os investigadores encontraram também um boné, mas nenhuma outra pista. Três dias depois foi encontrado um corpo do sexo masculino no lago do Parque do Pedroso, também em Santo André. Exame de DNA, cujo laudo saiu apenas na quinta-feira (28/11), comprovou que se tratava de Lucas.