No aguardo de Fed e Copom, dólar oscila pouco, mas volta ao patamar dos R$ 4

À espera da agenda recheada de quarta-feira, com a divulgação da decisão de juros tantos nos Estados Unidos quanto no Brasil, o dólar se manteve contido ante o real, oscilando entre pequenas altas e baixas durante todo o dia. No fim do pregão, tomou algum fôlego e terminou esta terça-feira novamente no patamar dos R$ 4. Na segunda, a moeda havia encerrado o dia abaixo desse nível pela primeira vez em mais de dois meses. Nesta terça, fechou cotada em R$ 4,0026, em alta de 0,25%.

O mercado aguarda a divulgação da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom), marcadas para quarta. Em ambos os casos, a expectativa é de que não haja surpresas: espera-se um corte de 0,25 ponto porcentual pelo Fed e de 0,50 ponto na taxa brasileira.

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Além disso, está marcada para quarta também a divulgação da leitura preliminar do Produto Interno Bruto americano para o terceiro trimestre. Os investidores ainda aguardam a divulgação do payroll na sexta-feira.

Diante da agenda cheia, que deve determinar o ritmo do mercado globalmente nos próximos dias, os investidores pisaram no freio. Frente ao real, o dólar teve oscilação parca, de apenas R$ 0,02 entre a mínima (R$ 3,9845) e a máxima do dia (R$ 4,0052). Nem mesmo a captação de US$ 2,25 bilhões em bônus de 10 e 30 anos pela Braskem foi suficiente para mexer os preços.

“Tem muita coisa para acontecer quarta. Há um movimento globalizado dos mercados, isso está influenciando todos os ativos”, disse o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, completando: “O que vai fazer o mercado nesta quarta é o que o Fed vai decidir”.

O movimento aqui acompanha o observado na maior parte dos outros países emergentes, onde o dólar se manteve próximo à estabilidade, com viés de alta. Na Argentina, dois dias após a eleição de Alberto Fernández, o movimento era estável (+0,03%), perpetuando a percepção de que o resultado já estava precificado pelo mercado.

Internamente, tem ditado o ritmo do câmbio, desde a semana passada, uma expectativa de ingresso massivo de recursos estrangeiros no País. Além de uma melhora na percepção de risco brasileira, aliada a um cenário de juros baixos, o que favorece a entrada via oferta de ações, a grande perspectiva é pelo leilão do excedente da cessão onerosa, marcado para 6 de novembro. São esperados R$ 100 bilhões em investimentos, o que tem pressionado para baixo a moeda.

Para o operador da mesa de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, a expectativa com os recursos da cessão onerosa é que mantém no radar o dólar abaixo dos R$ 4 no curto prazo. Ele acredita, contudo, que esse nível não é sustentável no longo prazo, uma vez que há uma tendência de dólar forte globalmente. “Câmbio abaixo dos R$ 4 é pontual em função do leilão. O volume será muito grande, o pessoal desfez posição comprada. Há uma cautela em cima disso. O dia em que esse dólar entrar no país (fruto do leilão), o câmbio deve cair feio”, disse.

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