252 após o anúncio do fechamento da planta da Ford, em São Bernardo, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC anunciou nesta terça-feira (29), que a produção de caminhões será encerrada nessa quarta-feira (30). Cerca de 600 trabalhadores perderam seus empregos. Durante o discurso, os sindicalistas cobraram um posicionamento do Governo Federal em torno do pedido de financiamento da Caoa no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) para a compra da parte fabril da montadora americana.
Durante os discursos, os sindicalistas informaram aos trabalhadores que o negócio entre a Ford e a Caoa está “99% fechada” e o que está faltando é a aprovação de um financiamento por parte do BNDES para emplacar a negociação ocorre em segredo. As informações são de que a linha de crédito pedida é de R$ 3 bilhões.
“O que falta é uma decisão política para fazer (o financiamento). Não sei se acham que é para São Bernardo, terra do Lula, terra do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, portanto colocando um impedimento político nessa história, mas não há outra explicação a não ser de falta de decisão política de quem manda no BNDES”, comentou o presidente da entidade sindical, Wagner Santana, conhecido como Wagnão.
Caso ocorra uma decisão favorável sobre a venda da fábrica, a expectativa é que sejam contratados entre 800 e 850 trabalhadores para a fabricação de caminhões para a Caoa, número que pode aumentar caso seja concretizada também a chegada de dois modelos de automóveis. O acordo junto ao Sindicato sobre salários já foi definido e os trabalhadores vão receber vencimentos entre 70% e 80% dos pagos atualmente pela Ford.
Segundo o Wagnão, cerca de 600 trabalhadores perderão seus postos de trabalho com o encerramento das atividades. Apenas os funcionários da área administrativa serão reaproveitados na central que será inaugurada em março de 2020, na Vila Olímpia, na zona sul da Capital. Os que já foram demitidos receberam indenização, um plano médico e cursos de qualificação.
Sentimento
Apesar do discurso de prosseguimento na luta pelos empregos, o sentimento de tristeza era evidente no rosto de cada trabalhador que participou da assembleia desta terça. Sindicalistas e políticos não esconderam as lágrimas quando relatavam a história do Sindicato dos Metalúrgicos e a montadora. Funcionários, demitidos e aposentados participaram do ato no bairro Taboão. Não foi divulgado o número de participantes.
Para Sulivan Galdino da Silva, 35 anos, que trabalhava no setor de Logística e que foi demitido há dois meses, o encerramento das atividades era algo esperado e que a assembleia era uma espécie de despedida dos trabalhadores, mas ainda mantém a esperança em torno da compra da fábrica pela Caoa.
“A situação não está fácil, o mercado está muito difícil, muito exigente, mas temos essa esperança para que a Caoa compre a fábrica e que todos possam voltar a trabalhar, pois realmente não está fácil”, disse o ex-funcionário que acredita que poucos vão conseguir vagas em outras montadoras como Volkswagen e GM que anunciaram a possibilidade de contratar ex-colaboradores da Ford.