Dólar cai R$ 0,06 e fecha no menor patamar desde 4 de outubro, aos R$ 4,0755

Uma confluência de fatores externos e internos derrubou o câmbio em cerca de R$ 0,06 de segunda para terça-feira, levando o dólar ao menor patamar frente ao real desde 4 de outubro. A divisa americana saiu do patamar dos R$ 4,1307 do encerramento do pregão de segunda, para R$ 4,0755 nesta terça-feira, uma queda de 1,34%.

Internamente, a moeda brasileira foi ajudada por um misto de otimismo com a votação da reforma da Previdência no Senado, que ainda ocorria, e com os dados acima do esperado do IPCA-15. Com uma inflação maior que a estimada, a percepção é de que diminuem as chances de um movimento mais agressivo de queda da Selic, o que diminuiria o diferencial de juros entre o Brasil e outros países e poderia ter reflexo no fluxo de investidores.

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“O resultado do IPCA tira força do movimento recente do mercado de apostar em um corte de 0,75 pontos no Copom de outubro. O IPCA-15 aborta essa possibilidade”, afirmou o sócio e gestor da Absolute Investimentos, Roberto Serra.

Ainda que com mais intensidade, o movimento do dólar ante o real acompanha a maioria dos emergentes. A divisa americana cai frente à maior parte delas, inclusive ao peso chileno, que na segunda foi penalizado em função das tensões populares que tomaram conta de grandes cidades. Às 17h20, o dólar caía 0,23% ante o peso chileno. Frente à moeda sul africana, o recuo era de 1,22%. As exceções ao movimento eram Argentina (+0,45%) e México (+0,07%).

As moedas emergentes são favorecidas pela percepção de que há alguma diminuição de incertezas em relação ao possível acordo entre Estados Unidos e China e sobre um fim menos brusco para o Brexit. Para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, o real se ajustou a um movimento que já tinha atingido outros emergentes na semana passada.

“Previdência, IPCA, são pequenos fatores que fizeram o real acoplar com as divisas equivalentes. Proporcionalmente, estava caro frente ao real quando comparado a outras moedas, como na Colômbia e Nova Zelândia”, disse, completando: “Existem fatores internos, mas é parte de um movimento maior, externo, e estava demorando para o real vir ao nível que outras moedas foram na semana passada”.

Serra, da Absolute Investimentos, também acredita que não há um movimento forte que tenha ditado o ritmo de queda do câmbio. Ele ressalta, no entanto, que o recuo do dólar frente ao real ganhou fôlego ao romper a barreira dos R$ 4,110. “Era um ponto técnico forte”, disse.

Ele acrescentou que, ainda que já estivesse quase completamente precificada, a possibilidade de que a aprovação da reforma da Previdência seja finalmente sacramentada impulsionou a entrada de recursos no País, para a bolsa. “Tem um movimento de bolsa expressivo no Brasil, em relação ao resto do mundo. Talvez tenha relação com o tema da Previdência, que já estava dado, mas o fato de sacramentar esse tema pode ter afetado”, pontuou.

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