A superlotação nos quatro centros de detenção provisória da região mostra uma triste realidade que assusta os moradores, temerosos com os riscos à segurança que o quadro pode trazer. A capacidade máxima foi extrapolada em mais de 100%. Os cadeiões têm mais que o dobro de internos que a capacidade oferece para abrigar. Com isso, enfrentam problemas de conservação dos prédios, que acirram ânimos entre presos e agentes penitenciários, espremidos em corredores e celas apertadíssimas.
Esse caldeirão de problemas estruturais é a mistura perfeita para rebeliões, que podem se transformar em fugas em massa, seguida de perseguições, tiros e tudo isso com gente inocente e moradora ao lado, ou em passagem despreocupada pelas ruas. Dos muros para dentro, o clima é tenso. Misturam-se presos que aguardam transferências que nunca acontecem com outros que nem deveriam estar presos, pois teriam direito a regimes semiaberto, aberto ou ainda a penas alternativas.
A verdade é que a sociedade, ou a maior parte dela, não quer saber o que acontece do lado de dentro dos CDPs, desde que, por fora, tudo pareça sobre controle. Legislação e direitos humanos são deixados de lado quando parece que os presos têm que ser punidos, fisicamente, pelo erro que cometeram. Faltam leitos para todos, faltam condições dignas para detentos e funcionários e essa mistura está cada vez mais em ebulição, prestes a explodir caso algo não seja feito rapidamente. O tempo das antigas cadeias públicas que tanto trouxeram problemas para a região se foi há quase 20 anos. Mas pelo jeito como andam as coisas, logo o passado de rebeliões, fugas e tentativas de resgate, sob disparo de armas de grosso calibre, pode voltar a amedrontar o ABC.