A segurança pública é uma das principais demandas sociais cobradas pela população e comunidade escolar, isso porque cada vez mais são registrados atos de violência, como ameaças e agressões físicas em salas de aula. O caso no Colégio Abaco, em São Bernardo, onde uma garota foi esfaqueada na última semana e a ameaça de um massacre feita este mês por outro estudante no Colégio Metodista, em São Bernardo, são exemplos de extrema violência.
Em entrevista ao RDtv, o presidente do Conseg Sul (Coordenadoria Estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança) de São Bernardo, Uilton Pessoa, explica que em média de 32 mil jovens são alvos de violências urbanas, e defende que o resultado se dá pela falta de afeto em ambiente escolar e doméstico. “Percebemos que falta de respeito mútuo dentro de casa, e isso é refletido no perímetro escolar”, explica. Na visão do especialista, é necessário diálogo para que os pais entendam a real necessidade da autoridade para garantir um caminho mais eficaz para a segurança pública.
Na visão da psicopedagoga e docente da Universidade de São Caetano do Sul (USCS), Eliane Martinoffi, é preciso gestão participativa com integração entre pais, estudantes, professores e demais servidores para evitar conflitos. “É essencial que os pais sejam participativos, que se interessem em ir até a escola, participem das reuniões e estejam a par do que se passa com os filhos”, explica. Ainda de acordo com Eliane, atividades básicas que trabalham o respeito ao próximo, ética, orientação sexual e outros, podem diminuir efetivamente o índice de ocorrências. “São assuntos que podem ser tratados em qualquer matéria, desde a educação infantil e que reflete de forma positiva lá na frente”, acrescenta.
A formação continuada de profissionais da educação também é algo necessário e que se intensificado, pode refletir de forma positiva na comunidade escolar. “A maior parte dos alunos envolvidos nos atos de violência não foram assistidos da forma adequada. Precisamos de profissionais preparados para identificar que algo está errado”, explica. Nesta linha, programas com psicólogos ou assistentes sociais nas escolas podem contribuir na identificação de estudantes com algum tipo de reclusão social ou transtorno mental.
O aperfeiçoamento de rondas escolares, o uso de tecnologias como instalação de câmeras de segurança e detectores de metal nos colégios também são providências que na visão dos especialistas podem combater a violência e trazer maior sensação de segurança para os pais e responsáveis. “Independente do que for implantado, é necessário diálogo com pais e responsáveis antes da adesão para que os mesmos entendam a necessidade daquilo”, acrescenta a profissional.
Conseg intensifica ações nas escolas
Dados sobre violência nas escolas não são divulgados frequentemente e englobam só uma parte do universo escolar, uma vez que são ações sub-notificadas. Entretanto, a pesquisa Repensar o Ensino Médio, idealizada pelo movimento Todos pela Educação, com apoio do Itaú BBA e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), concluiu que a segurança e o fator de maior exigência dos estudantes do ensino médio brasileiro.
Deste modo, o Conseg investe em palestras nas escolas estaduais e particulares para que os profissionais da educação e segurança possam repassar informações e orientações básicas sobre a importância da relação entre comunidade, família e ambiente escolar para que os índices de violência sejam reduzidos. “É um trabalho em conjunto que já está resultando em bons frutos como conscientização, e saneamento de dúvidas”, explica Uilton.
Quem se interessar em participar das reuniões do Conseg, deve procurar a unidade mais próxima de sua residência e se informar sobre o calendário de reuniões e possibilidade de participação.