É cada vez mais comum o consumo de bebidas alcoólicas misturadas com energético. Por isso, o cardiologista Dr. Eduardo Moreira dos Santos, do Hospital América de Mauá, alertou sobre os riscos do consumo desta mistura, principalmente a de bebidas destiladas, como vodca, a energético.
As bebidas energéticas têm como função aumentar o estado de alerta do corpo e da mente e, apesar de sua composição variar de acordo com as diversas marcas disponíveis no mercado, são constituídas basicamente por taurina, cafeína e glucoronolactona.
O especialista explica que a taurina é um aminoácido naturalmente presente no cérebro, nos músculos e no coração. Sua função é elevar a força de contração do músculo cardíaco e acelerar a ação da insulina, de modo a aumentar o metabolismo da glicose (açúcar) e o anabolismo.
Já a cafeína é classificada como xantina, também presente em tecidos do corpo humano, e atua principalmente sobre o sistema nervoso central e cardiovascular, de modo a melhorar a memória, o raciocínio e a força de contração do músculo cardíaco, além de provocar a dilatação dos vasos periféricos.
A glucoronolactona, por sua vez, é uma substância sintetizada em nosso corpo a partir da glicose e auxilia nos processos de eliminação de toxinas endógenas e exógenas. Na atividade física, age como um desintoxicante, de modo a diminuir a fadiga e melhorar a performance. “Como a glucoronolactona é um tipo de carboidrato biossintetizado a partir da glicose, pode ser encontrado também no vinho tinto, em cereais, na maçã e na pera, sendo essencial para a desintoxicação e o metabolismo no fígado de uma ampla variedade de xenobióticos e medicamentos, posteriormente excretados (liberados) na urina”, explica Moreira.
Nos rótulos de bebidas energéticas, é explícita a recomendação de não ingeri-las com nenhum tipo de bebida alcoólica, mas frequentemente são consumidas com vodca e whisky. “Essa mistura é dose-dependente, isto é, a dose ingerida está diretamente relacionada com seus efeitos, que também são influenciados pela tolerância de cada indivíduo”, afirma o cardiologista.
No geral, o consumo acima de 500 ml de energético em curto espaço de tempo o torna prejudicial. Sobretudo quando associado ao álcool, o consumo excessivo de bebida energética pode causar palpitações, arritmias e até óbito em portadores de doença cardíaca, dependendo da dose consumida, do intervalo de tempo em que as substâncias são ingeridas e da sensibilidade de cada indivíduo. “A depender da dose de energético e álcool consumidos, pessoas saudáveis também podem apresentar problemas cardíacos, com a ocorrência dos mesmos sintomas”, frisa o médico.
Já em relação ao cérebro, o consumo de baixas doses de energético pode aumentar o estado de alerta, mas a ingestão exagerada e associada ao álcool acelera a morte de neurônios e altera a percepção do estado de embriaguez, “o que coloca quem ingere sob maior risco de sofrer acidentes, uma vez que provoca uma falsa impressão de que a capacidade motora está preservada”, ressalta o cardiologista.
Para analisar os efeitos do consumo excessivo de energéticos com bebidas alcoólicas, pesquisadores da Universidade Purdue, em Indiana, nos EUA, fizeram testes com o cérebro de ratos e observaram alterações químicas semelhantes às causadas pela cocaína. Outro estudo, realizado pela Universidade de Victoria, no Canadá, aponta que essa combinação aumenta a possibilidade de envolvimento em acidentes e brigas, já que a cafeína faz com que as pessoas se sintam mais despertas e propensas a beber mais.