O Alzheimer é uma patologia que atinge 16% da população idosa e normalmente surge após os 60 anos. De acordo com a neurologista Sayonara Beatriz Ranciaro, da Santa Casa de Mauá, alguns esquecimentos com o avanço da idade não prejudicam o dia a dia, mas é o momento de procurar ajuda médica quando os lapsos se tornam frequentes – como esquecer fogão aceso, deixar torneira aberta, perder-se próximo de casa, não conseguir manejar dinheiro e se atrapalhar com tarefas rotineiras. “A doença é neurodegenerativa progressiva, apresenta deterioração cognitiva e da memória de curto prazo, além de sintomas neuropsiquiátricos que se agravam ao longo do tempo”, explica.
A principal causa está ligada ao processamento de proteínas do sistema nervoso central, quando surgem dentro dos neurônios e nos espaços entre eles. A consequência é a perda progressiva de neurônios em regiões do cérebro, como o hipocampo e o córtex cerebral, responsáveis pela memória, linguagem, raciocínio, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.
Outros fatores podem contribuir para a piora da doença, como envelhecimento, perda do cônjuge, mudança de casa e perda de amigos, que podem ter um impacto negativo para o idoso e promover a depressão, que muitas vezes pode vir acompanhada da demência. Normalmente, a patologia evolui rapidamente para vários estágios e não há muito que possa ser feito para barrar o avanço.
O quadro clínico é dividido em quatro estágios: inicial – alterações na memória, personalidade e habilidades visuais; moderado – dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos; grave – resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e deficiência motora progressiva; e terminal – restrição ao leito e infecções intercorrentes.
Entre os principais fatores de risco estão idade, histórico familiar, baixo nível de escolaridade – pessoas com maior nível de escolaridade executam atividades intelectuais mais complexas, o que oferece mais estímulos cerebrais e, consequentemente, criam mais conexões entre os neurônios, o que amplia a possibilidade de contornar as lesões. Assim, uma maneira de retardar o processo da doença é a estimulação cognitiva constante e diversificada ao longo da vida.
Um estilo de vida saudável, com boa alimentação (à base de peixes, carnes magras, frutas, verduras e legumes), atividades físicas frequentes, sem fumo ou consumo de bebidas alcoólicas e aprendizado de coisas novas colaboram para a prevenção da doença.
A especialista explica que o diagnóstico do Alzheimer é feito por meio de relato do paciente, identificação de modificações cognitivas específicas, avaliação de depressão e exames de laboratório com ênfase na função da tireoide e nos níveis de vitamina B12 no sangue. O tratamento é medicamentoso e visa minimizar os distúrbios da doença, além de estabilizar o comprometimento cognitivo, o comportamento e a realização das atividades da vida diária. “Assim como em qualquer doença, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado é fundamental para possibilitar o alívio dos sintomas e a estabilização ou o retardo da progressão da doença”, orienta.