O Stattesp (Sindicato dos Trabalhadores com Aplicativos de Transportes Terrestres Intermunicipal do Estado de São Paulo) cobra das empresas de transporte por aplicativo como Uber e 99 Táxis mais atenção com os motoristas parceiros. No domingo (15/01) a morte com um tiro no pescoço da motorista Adriana Márcia De Almeida, de 46 anos, em Diadema, chocou a categoria e os motoristas chegaram a ensaiar um protesto que acabou não se concretizando.
Agora o sindicato que já vem há dois anos denunciando a situação de abandono em que os motoristas são deixados pelas empresas promete parar o serviço de transporte por aplicativo no local onde mais vai doer para as empresas, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. É o que relata o presidente do Stattesp, Leandro Medeiros, que participou nesta terça-feira (17/09) do RDTv e foi entrevistado pelos jornalistas Leandro Amaral e Carlos Carvalho.
Medeiros disse que as empresas têm um papel importante na falta de segurança que afeta os motoristas e acusa as mesmas de não receber a representação dos trabalhadores. “Elas tem um papel crucial nisso, se não sentarem com a gente não vamos chegar a um bom termo nunca, fizemos um levantamento e quase 50 pessoas já perderam a vida desde o início deste serviço no estado”, disse o sindicalista que estima que a categoria compreenda cerca de 300 mil motoristas paulistas, sendo cerca de 15 mil só no ABC.
Uma das formas que o sindicato da categoria tem adotado para aumentar a segurança dos motoristas é fazer um trabalho de conscientização sobre a atividade junto às comunidades, nas periferias. Outra forma é manter a comunicação constante entre os motoristas que estão atuando em determinada região. “Os dias que mais acontecem os assaltos são sábado e domingo por causa das baladas. As empresas precisam também ser sensibilizadas, esta semana estivemos também no velório de um companheiro que deixou três filhos. As empresas faturam milhões, mas a parte interessada, que está morrendo, não é ouvida. Gostaríamos que as empresas ouvissem a nossa pauta”.
A categoria quer negociar um plano de saúde, um seguro de vida e um auxílio funeral. No caso de Adriana a 99 se prontificou a fazer o velório e pagou um seguro de R$ 10 mil, o que para o sindicato é pouco. “A vida não vale só isso”, disse Medeiros. A categoria quer ainda uma equiparação de preços, medidas de segurança e o Stattesp também cobra a polícia. “O poder público tem que ter um pouco mais de zelo com a nossa categoria”.
Outro item da pauta é discutir os percentuais de repasse. “Hoje, para um trabalhador tirar R$ 2,5 mil a R$ 3 mil tem que trabalhar de 12 a 14 horas por dia, por isso a gente defende que com mais de 8 horas de trabalho que o percentual de repasse diminua, e nos finais de semana também, aí seria como se fosse uma hora extra para o motorista”, analisa Leandro Medeiros.
A pauta com as propostas da categoria vai se entregue até sexta-feira (20/09) para as empresas de transporte por aplicativo. “Se não tivermos uma resposta na segunda ou na terça-feira (dias 23 e 24) vamos parar onde dói mais; o Aeroporto de Guarulhos.
Em nota a 99 diz aberta ao diálogo com os motoristas parceiros. “Respeitamos ainda o direito à liberdade de expressão e a realização de manifestações dentro dos limites legais”. A empresa disse ainda ter prestado toda a assistência à família da vítima. “Assim que a empresa soube dessa triste notícia, mobilizou uma equipe especializada para apurar o caso de Adriana e está em contato com a família da vítima para oferecer todo o apoio e acolhimento necessários, que incluem orientações para acionamento do seguro. A 99 esclarece ainda que está disponível para colaborar com as investigações da polícia”.
A empresa informou ainda que o sistema utilizado conta com mecanismos de segurança. “O aplicativo desenvolve tecnologias para focar especialmente em prevenção. Entre as medidas estão o botão de segurança para compartilhar a rota com contato de confiança, câmeras de segurança e a opção de aceitar ou não corridas com pagamento em dinheiro. Além disso, também pedimos que todos os passageiros coloquem CPF ou cartão de crédito antes da primeira corrida. A empresa reitera que repudia veemente esse caso de violência e está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana, para colaborar com a segurança de todos os usuários, sejam eles passageiros ou motoristas”.
A Uber também foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos.