Tem início nesta terça-feira (17/09) a greve dos funcionários da Fundação do ABC, que presta serviços para os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá. Ao todo são 10.470 trabalhadores que atuam nestas cidades que cruzam os braços, exigindo perdas salariais dos últimos dois anos que, segundo o Sindsaúde, chegam a aproximadamente 20%. O Sindacs (Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde) também informa que a categoria entra em estado de greve pela reposição de perdas e em apoio aos servidores ligados à fundação.
O presidente do Sindsaúde, Almir Rogério, o Mizito, e o presidente do Sindacs, Rodrigo Rodrigues da Silva, participaram do RDtv desta segunda-feira (08/09) e detalharam como será a paralisação dos trabalhadores. Mizito garantiu que os casos urgência e emergência serão atendidos. A greve será uma mobilização “pipoca”, parando total ou parcialmente algumas unidades, fazendo um rodízio em toda a rede. A maior parte dos funcionários da Fundação do ABC atende em São Bernardo, onde são 6,5 mil. Em Santo André são 1,8 mil trabalhadores, 1.230 em Mauá e 940 em São Caetano.
“A paralisação do problema que temos com o cumprimento da convenção coletiva de trabalho, que a fundação não cumpre desde 2016, e os trabalhadores já estão acumulando uma perda salarial e de benefícios em torno de 20%. Somente São Bernardo deu um reajuste correspondente a 2017 e 2018, na casa de 5,76%, mas sem pagar o retroativo e isso não alivia as perdas dos trabalhadores”, explica o presidente do Sindsaúde. “Temos processos transitados em julgado, mas a fundação apresenta cálculos fictícios, apenas para protelar o processo, então os trabalhadores, em assembleia resolveram dar o fim nessa situação, chegou o momento do basta”, anuncia Mizito.
O presidente do Sindsaúde disse que todas as formas de estabelecer uma mesa de negociação foi frustrada pela Fundação do ABC. “Temos uma pilha de ofícios de tentativas de negociação, quem compareceu e resolveu o problema foram os equipamentos estaduais, nos municípios infelizmente os trabalhadores chegaram no limite. Ninguém faz greve porque quer. Amamos o que nós fazemos, mas a gente precisa levar comida para casa”, diz o sindicalista que pede apoio da comunidade ao movimento dos trabalhadores. “Essa não é uma luta só nossa, é uma luta que a sociedade tem que apoiar. Quando a gente reivindica uma melhor condição para o profissional da saúde é ele que vai atender a população na ponta”.
Rodrigo Rodrigues da Costa, Sindacs (Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde) diz que desde 2007 a categoria espera por uma negociação. “A função tem cunho federal o que garante parte do custeio do salário, ou seja, a contrapartida para os municípios repassam é bem menor hoje do que o impacto direto dos demais profissionais de saúde. Estabelecemos o estado de greve e estamos organizados para acrescentar a essa greve. A falta de recursos e o número de agentes é muito pequeno o que afeta o atendimento. É muito fácil para o prefeito falar que o atendimento é ruim e por a culpa no funcionário”, aponta. O presidente do Sindacs diz que o acordo coletivo do agentes comunitários está na mesa desde abril do ano passado.
Mizito espera que até a próxima semana, com os reflexos da greve nas unidades de atendimento, prefeitos, secretários e a fundação chamem para a negociação. “Vai ser uma greve pipoca, passando nos locais onde estamos mais organizados. Vamos priorizar as UBSs (Unidades Básicas de Saúde), mas vai atingir também as Upas (Unidades de Pronto Atendimento) onde apenas os casos de urgência e emergência vão ser atendidos. Eles (do Poder Público) só se mexem quando o trabalhador começar a se mobilizar. E trabalhador que nos assiste; não adianta acharem que vai ter alguma conquista sem se mexer. Esperamos que até semana que vem os prefeitos e os secretários sentem com a gente para construir alguma coisa pelo menos para amenizar, e o retroativo vai discutindo”.
Na próxima terça-feira (24/09) à partir das 9hs o Sindsaúde, o Sindacs e os Sindserv (Sindicatos dos Servidores Municipais) farão um ato no paço de Santo André. “Vamos demonstrar a nossa insatisfação e avaliar a continuidade da nossa greve pipoca”, anunciou Mizito.