Sem debates, votação por acordo e discursos sobre outros assuntos. O clima foi tenso na sessão da Câmara de São Bernardo, nesta quarta-feira (11), um dia após a Polícia Federal (PF) pedir o indiciamento do prefeito Orlando Morando (PSDB) pelo suposto crime de corrupção. O líder de governo, Pery Cartola (PSDB), defendeu o chefe do Executivo e Julinho Fuzari (Cidadania) tentou emplacar uma fala na tribuna sobre o assunto, mas sem sucesso.
Os trabalhos no plenário Tereza Delta começaram às 9h30, logo após a execução dos hinos nacional e municipal, foram lidos textos do pequeno expediente e na sequência a sessão foi suspensa, algo que ocorreu durante boa parte do tempo. Alguns vereadores se dividiam em grupos e conversaram sobre a notícia divulgada pela rádio CBN na última terça-feira (10).
Após um acordo de lideranças, uma série de matérias foram aprovadas, entre elas, a ampliação da denominada “minervinha” (incorporação de 10% dos vencimentos anuais no total que será recebido pelo servidor em sua aposentadoria) para os funcionários da Câmara e a concessão do espaço já utilizado pelo Corpo de Bombeiros.
Na sequência, Julinho Fuzari tentou emplacar o pedido de discurso para tratar sobre o indiciamento, mas o requerimento foi rejeitado por 16 votos contrários e oito favoráveis. Fuzari já realizou declarações pelas redes sociais falando sobre o assunto e mantendo sua tentativa de emplacar a CPI da Saúde, já protocolada na Casa de Leis.
Depois disso, a tribuna foi usada em duas oportunidades. A primeira por Jorge Araújo (PHS) para falar sobre a CPI da Despoluição da Billings, e por Antônio Carlos da Silva (PT) para tratar sobre uma comissão para o combate a violência doméstica. Depois a sessão ficou suspensa até o seu final, às 13h.
Questionado sobre o assunto, Pery Cartola apresentou seu voto de confiança no chefe do Executivo. “Eu posso falar por mim, eu acredito na lisura do prefeito Orlando Morando, agora não temos mais detalhes, fiquei sabendo assim como vocês (jornalistas), então eu não tenho muito o que falar sobre este tema específico sem conhecer”, disse.
O tucano negou que há qualquer estratégia de defesa de Morando no Parlamento e considera que o vídeo divulgado por Morando na noite desta terça já deu a resposta necessária sobre o assunto. “Eu até acredito que o vídeo ficou muito bem feito. Nós vimos a repercussão nas redes sociais que foram ótimas e temos que aguardar, eu não tenho muitas informações, ficamos sabendo pela imprensa e a explicação do prefeito Orlando Morando ficou muito bem feita”.
Histórico
Após obter um documento, a reportagem da CBN divulgou a informação de que Orlando Morando e mais 15 pessoas foram indicadas por corrupção e que a Polícia Federal pediu o afastamento de todos de seus respectivos cargos. Segundo a Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, o chefe do Executivo supostamente utilizou da Fundação do ABC (FUABC) para “acomodar empresas de alimentação em cinco contratos que somam R$ 37 milhões”.
Em vídeo divulgado em sua conta no Facebook, Morando negou as acusações afirmando que suas contas da campanha de 2016 foram aprovadas e que os contratos investigados pela Polícia Federal foram aprovados pelo Tribunal de Contas (TCE-SP).
“A maior prova, um destes contratos, empresa contratada pelo PT na gestão do Luiz Marinho, que eu tirei da Prefeitura, a justiça estadual mandou ela devolver R$ 5,2 milhões para a Prefeitura de São Bernardo do Campo. É obvio que toda a mudança gera desconforto e você acaba prejudicando, principalmente a aqueles que estavam mamando na Prefeitura de São Bernardo. Estou muito confiante nas decisões que tomei e que foi continuar tomando”, explicou.