A maior parte das prefeituras do ABC não tem um valor exato dos gastos com reparo e reposição de equipamentos públicos vítimas de vandalismo. Não há um alvo preferido para aqueles dispostos a pichar, quebrar ou furtar, mas as lixeiras são sempre citadas como as mais atacadas. São Caetano informa que cada substituição de lixeira são gastos R$ 118. Já Diadema gasta R$ 70 mil para fazer reparos, pinturas e reposição de materiais quebrados ou furtados, mas a conta sobe para R$ 320 mil mensais se acrescentar o descarte irregular de entulho.
Além das lixeiras, pontos de ônibus também são vandalizados com frequência, segundo Ribeirão Pires. Em São Caetano são trocadas aproximadamente 15 lixeiras por mês, um gasto só com esse equipamento de R$ 1,7 mil mês. O município diz que não tem como contabilizar os gastos com vandalismo, porque os serviços de pintura são feitos diariamente, de acordo com a demanda dos agentes públicos. “Da mesma forma acontece em possíveis casos de manutenção de aparelhos de ginástica ou brinquedos de praça. São trabalhos de manutenção cotidiana da cidade”, informa.
São Caetano relata que não tem campanha para combater o vandalismo, diferente de Mauá, que diz orientar os servidores para conversar com a comunidade nos locais mais afetados. No município, os principais alvos são escolas, UBSs (unidades básicas de saúde) e unidades do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social).
Santo André não tem uma rubrica específica para combate ao vandalismo, pois os custos também entram nos serviços de manutenção. Nos casos em que o responsável é o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), os principais alvos são as lixeiras, com índice de depredação de 30%. Em 2017 foram gastos R$ 15.022,44 em substituições e no ano passado a despesa aumentou mais de 5%, ao chegar a R$ 15.796,33. A Prefeitura estuda fazer campanhas educativas.
Para o professor de urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Enio Moro Júnior, os municípios precisam investir em campanhas que envolvam a comunidade desde a concepção dos equipamentos públicos. “Não se deve ter mais a visão de que o arquiteto é o único que sabe o que é bom, tem de ouvir a comunidade para que ela se sinta parte e aí se cria o sentimento de proteção do equipamento”, diz. Outra ação, afirma, é qualificar melhor os equipamentos, com bons materiais e cores.
Exemplo do professor é a comparação entre o metrô e o trem. Como no primeiro os materiais são melhores e o cuidado é maior, praticamente não há vandalismo. “Outro ponto que acho importante destacar é o voluntariado, estimular a participação das pessoas na recuperação dos espaços”, sugere. Para Enio Moro Júnior, a questão é educacional, começa na escola. “Enquanto as pessoas pensarem somente em suas casas e não cuidarem dos espaços públicos como casa de todos, não vai funcionar”, completa.
Cem placas de ônibus foram destruídas em 3 meses
São Bernardo informou que empenha o efetivo da GCM (Guarda Civil Municipal) para coibir o vandalismo, além do sistema de videomonitoramento, que dispõe de mais de 400 câmeras pela cidade e sistemas de alarme instalados nos prédios municipais. Apesar do gerenciamento, são comuns as depredações de placas dos pontos de ônibus. Só nos últimos três meses, foram registradas 100 ocorrências pela empresa concessionária do transporte público.
No caso de pichações, além do registro criminal nas delegacias, são adotadas providências, como acionamento para reparação do dano, por meio da Procuradoria Geral do Município, e autuação de pichadores com multas que variam de R$ 7.241,51 a R$ 18.103,79. Em casos de reincidência, esses valores podem ser dobrados, conforme a lei municipal 6.534/2017, denominada Parede Limpa. Na impossibilidade de pagamento, a penalidade é convertida em prestação de serviços.
Cabos de energia
Em Diadema um dos problemas é furto de materiais dos prédios públicos, principalmente cabos de energia. São principalmente os cabos de iluminação pública, energia de parques, praças, escolas e prédios públicos. Já os furtos de bateria acontecem em máquinas e caminhões. Para combater, a prefeitura faz boletins de ocorrência e reforça as rondas nos prédios públicos com a GCM e a GCP (Guarda Civil Patrimonial). Outro inimigo é o descarte irregular de entulho. Só com o recolhimento dos materiais nas ruas a cidade gasta R$ 250 mil mensais. Nestes casos quando o autor é identificado são aplicadas sanções como multa e apreensão de veículo.