O delegado regional do Corecon (Conselho Regional de Economia), José Carlos Garé, considera muito grave a situação do desemprego e do crescimento da economia informal, porém ele avalia que o início do segundo semestre já demonstra um cenário melhor do que a crise econômica e política entre abril e junho. Otimista, Garé considera que, com as reformas propostas, da Previdência e tributária, o país segue no caminho certo e pode voltar a crescer de forma consolidada em dois anos. O economista participou do RDTv de sexta-feira (16/08) e foi entrevistado pelos jornalistas Leandro Amaral e Carlos Carvalho.
“Se olhar os últimos números deste mês vai ver que o desemprego caiu de 12,7 para 12, opa melhorou 0,7%, em contrapartida, quando você olha os desalentados são 3,5 milhões de pessoas, aquelas que estão procurando emprego a mais de dois anos. Com isso o subemprego cresceu de forma importante. Ou seja, está todo mundo se virando”, dis o economista. “Subemprego é não ter uma relação formal, trabalhar de bicos, um monte de gente que vende bombons que faz em casa, eles estão trabalhando, é uma atividade econômica, mas isso é de sobrevivência, para pagar as contas, não tem nenhuma garantia, nenhum benefício”, detalha.
Garé chama atenção para a redução das linhas de produção, hoje ocupada mais por máquinas do que por pessoas, além da saída de indústrias do ABC para outras regiões do estado e do país. “Tem problemas regionais, muitas vezes migram emprego para outras regiões, exemplo da indústria automobilística. Os mais alardeados eram problemas sindicais, mas não é só isso tem toda a logística. A robotização e a Indústria 4.0 tem feito isso mudar. Visitei na década de 80 a linha de produção do Santana, na Volkswagen, agora eu vi a linha do UP, hoje não se vê mais pessoas na linha de produção e isso vai continuar em tudo”, relata
Para o delegado do Corecon até os cursos universitários estão mudando para preparar melhor o profissional para as novas tecnologias e para o novo merdado. “Hoje tem economia da inovação, da criatividade, tem que ensinar inteligência artificial e como é que isso impacta no consumo e na produção. Você produz de maneira diferente, mas também se compra de maneira diferente, então tem que olhar a relação de consumo de maneira diferente”.
Se nada for feito quanto a qualificação de mão de obra e a geração de empregos mais qualificados a região vai ficar para trás, na ótica de Garé. “Senão vai acontecer nada, como fazer com o jovem que chega ao mercado de trabalho? Alguma coisa precisa ser feita, como sensibilizar os governantes de que alguma coisa precisa ser feita senão o trabalho passa a ser uma questão de sobrevivência, piora da distribuição de renda, aumenta o desemprego, reduz o acesso a saúde e a segurança”.
Para José Carlos Garé o país ainda é o que tem o maior potencial de crescimento. “Com essa dimensão territorial, com potencial maior que qualquer outro do mundo. O segundo semestre já está melhor e isso (recuperação da economia) vai ser de forma gradual, mas não é uma relação aritmética. Sou esperançoso por natureza, acredito demais neste país, mas tem que caminhar para frente e não de lado. Começo a ter convicção de que dentro de dois anos decolaremos para valer”, finaliza.