São Bernardo completa 466 anos de história no dia 20 de agosto e preparou um calendário de entrega das principais obras, com exceção do Hospital de Urgência. Em entrevista ao RD, o prefeito Orlando Morando (PSDB) deu detalhes sobre algumas das medidas adotadas pelo Poder Executivo nos últimos dois anos e quatro meses, principalmente sobre as obras atrasadas, como o piscinão do Paço que será entregue no dia do aniversário e é considerado o principal símbolo da gestão tucana. Para o chefe do Executivo, a intervenção vai melhorar a autoestima do morador.
Repórter Diário: O senhor relatou que as principais obras da gestão seriam entregues em agosto, exceto o Hospital de Urgência. Qual é o impacto disso para a população?
Orlando Morando: Esse é o mês que coroa o nosso trabalho na Administração. No primeiro ano peguei uma cidade que precisava de ajustes contratuais, econômicos e de modernização, e 2017 foi o ano mais difícil. Em 2018, colocamos a ‘máquina’ para andar. A prova de que a sociedade já entendeu o modelo foi o resultado das eleições (de 2018) que elegeram a Carla Morando como deputada estadual. Se a gestão estivesse ruim, não elegeriam a mulher do prefeito. Este é o ano das grandes entregas, em todos os setores.
Entregamos recentemente um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), praças-parques chegando a 22 na cidade, o maior programa de esporte e lazer que a cidade já recebeu. No dia 20, vamos entregar a esplanada e o piscinão do Paço que, na minha avaliação, além de ser uma obra para evitar as enchentes, vai devolver a autoestima da cidade. Durante quatro ou cinco anos as pessoas passavam por lá e viam os tapumes, e sequer sabiam se ia voltar um dia, e vamos entregar como um grande lugar para o lazer e com um grande evento no aniversário. Dia 1º de setembro vamos entregar outra grande obra, o viaduto da Praça dos Bombeiros, o maior em estrutura metálica em vão livre do Estado, vários corredores de ônibus e outras obras em vários setores.
Boa parte das obras entregues estava parada ou atrasada. Qual foi o maior desafio? Haverá mudança de cultura sobre essa questão das entregas de obras?
O maior desafio foi arrumar recursos para acabar com essas obras. Por que o governo passado abandonou as obras? Não planejou, teve um enorme descontrole financeiro. Eles foram usando aquilo que o governo federal deu de aporte e quando chegou a parte da Prefeitura acabou o dinheiro e parou a obra. Eu falo isso nos bairros, se você contrata um pedreiro para reformar a sua casa e não paga ele vai embora. Pegamos a cidade com o rating (nota econômica) D- e hoje ela está no A+, é o melhor rating do ABC. Foi um ajuste financeiro, um equilíbrio. O segredo é cortar o desperdício e foca no necessário. Se me perguntar a obra mais complicada, o Museu do Trabalho e do Trabalhador é a mais complexa.
Ficamos dois anos e meio tratando com a Justiça, o Ministério Público, e agora, respeitando o tempo do Judiciário, foi autorizado e em setembro vamos dar a ordem de serviço para no início de 2020 inaugurar a Fábrica de Cultura. Esse foi o maior imbróglio, pois tinha ordem judicial que impedia a obra. O cidadão passava em frente ao prédio e dizia ‘o prefeito não está fazendo nada’, mas eu não podia explicar para ele que não poderia fazer. Aonde tínhamos autonomia começamos no primeiro ou segundo ano. E a maioria das obras começou na nossa gestão, como o viaduto da Praça dos Bombeiros, o Complexo Castelo Branco, os corredores de ônibus. Tudo que começamos vamos entregar, não vamos deixar herança maldita para ninguém.
Quantas obras paralisadas foram encontradas?
Eram 22 obras, mas nisso tinham creches que encontramos abandonadas, muita coisa, mas vamos entregar tudo.
Em relação às obras de mobilidade, qual será o impacto para o motorista?
Vai ter uma melhora natural. As obras que entregamos na José Odorizzi, viaduto Castelo Branco, o complexo, tudo isso flui. Com a entrega do viaduto da Praça dos Bombeiros você vai acabar com um problema que tinha na rotatória imensa, conectando a Luiz Pequini com a Rotary de forma direta. Nós temos um grande desafio, pois a Anchieta corta São Bernardo cidade e quando a via para, que é corriqueiro, principalmente da manhã, trava parte da cidade, porque é a grande artéria.
Outro grave problema é o entroncamento que temos com Diadema, ali no bairro Piraporinha. Esse é um projeto futuro. Já conversei com o governador (João) Doria (PSDB), é um sonho e não uma promessa de no final da Anchieta até o complexo Mackenzie ter um túnel, pois é exatamente aonde a Anchieta para, depois do posto da Polícia Rodoviária para frente. Para resolver os problemas aqui em São Bernardo é necessário resolver na Capital. É algo complexo, parecido com a questão do piscinão Jaboticabal.
Temos novo edital em curso para o transporte público. Quais serão os pontos de melhora que a população pode esperar?
Temos de lembrar que São Bernardo ficou muito tempo sem receber ônibus novos, mais de 10 anos. Entregamos 110 ônibus novos, colocamos o sistema de identificação facial que melhora a eficiência daquilo que a Prefeitura paga. Colocamos o aplicativo Partiu SBC, que você vê exatamente o horário que o ônibus vai chegar no ponto. E vamos continuar com melhorias, inclusive é um dos editais, não sou que digo isso e sim uma grande emissora de televisão mostrou que o transporte público de São Bernardo caminha para a modernidade, para a tecnologia. Também temos colocado ônibus com combustíveis alternativos para não depender apenas de combustível fóssil, isso é extremamente necessário. O transporte coletivo da cidade já tem boa avaliação e vai melhorar em médio e longo prazo.
Sobre educação, São Bernardo está no processo do ensino integral e também de línguas, não comum no ensino municipal. Qual é o prazo estimado para atender a todos os alunos?
Nós pegamos uma cidade sem escola com ensino integral, algo que é um grande erro. No Brasil é uma exceção escola que oferece ensino integral, nós já temos 18 unidades, onde as crianças são atendidas das 8h às 17h, com direito a quatro refeições, segundo idioma e aula de robótica. Nestas escolas já temos aulas de inglês e junto com a Associação Brasil-Itália temos aulas de italiano.
A meta é chegar a 30 escolas até o final do mandato. Como temos 182, vamos chegar perto da faixa de 18% de todo o volume, o que é um avanço enorme, significa uma faixa de 10 mil alunos com ensino integral. É um programa que vai continuar seja qual for o prefeito ele terá uma cobrança sistemática da população para saber quando a escola do filho dele vai ter ensino fundamental. Herdamos um déficit de creche de 5 mil vagas e já geramos 3 mil em creches próprias e conveniadas, um investimento pesado e até junho de 2020 não teremos nenhuma criança sem vaga em creche pela primeira vez na história da cidade. E só lembramos que, pela primeira vez, entregamos materiais e uniformes escolares no primeiro dia de aula e estamos com 45 escolas em reforma.
Na saúde, qual será o impacto em relação às UBSs que vão ter horário ampliado e também do Hospital de Urgências?
É uma decisão inédita na cidade essa questão de estender o horário de funcionamento das UBSs [unidades básicas de saúde], o que eu acho uma decisão corretíssima. Muitas vezes o cidadão volta do trabalho e precisa, mas a UBS está fechando. Então em setembro vamos começar com três e até o fim do ano vamos chegar a 20, sendo que temos 34 unidades. De manhã é muito difícil para o cidadão. A prova disso é no Jardim União, que já funciona até as 21h e o percentual de pessoas que não comparecem nos horários marcados é o menor da cidade. Tenho certeza que a medida vai reduzir a fila de exames e consultas, e o tempo de espera.
Com a chegada do Hospital de Urgência, hoje nós temos um pronto socorro de mais de 60 anos com 107 leitos e vamos ter um novo pronto socorro com 250 leitos, auxiliado pelo Pronto Atendimento do Taboão e uma nova UPA (unidade de pronto atendimento) que vamos fazer no Jardim Silvina. Não podemos imaginar que vai se resolver em 100%, pois as demandas da saúde são recorrentes, quanto melhor o serviço do município maior é a demanda, pois atrai pessoas de fora, mas vai ter uma reforma muito significativa.
Vai ter concurso público para essa área?
Já estamos abrindo alguma coisa na área de agente comunitário, principalmente por causa das UBSs. Médicos nós contratamos pela Fundação (do ABC) e os enfermeiros por meio de processo seletivo.
Houve a equiparação dos salários dos GCMs com a Polícia Militar e a entrega de novos veículos. Haverá outra medida para melhorar a questão do efetivo em São Bernardo?
A melhor coisa que aconteceu para os nossos agentes de segurança foi a criação do plano de cargos e carreiras, e essa equiparação dos salários. Foi uma promessa de campanha que foi cumprida e que devolve a autoestima. Existia um problema da cidade que os guardas estavam migrando para outras cidades, não temos mais isso. Modernizamos os veículos e equipamentos. A GCM [Guarda Civil Municipal] atuava com um revólver 38 e hoje é uma pistola 380, mais moderna e vamos continuar, o próximo passo é investir em tecnologia. Não temos como colocar homens para vigiar cada rua, é impossível. Temos um efetivo de GCM superior ao da Polícia Militar e chamamos 100 novos GCMs no último concurso, vamos ter mais de 900 GCMs em São Bernardo. O próximo passo é investir em tecnologia. Vamos ter o primeiro COI (Centro de Operações Integradas) de verdade. Vamos ter a Polícia Civil, a Polícia Federal, GCM, Centro de Controle de Monitoramento e a vinda do Baep [Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar], que é um equipamento regional, mas que será sediado em São Bernardo e, naturalmente, você terá um movimento de viaturas e de policiais.
Em relação ao governo federal, como está a relação, principalmente em torno de investimentos em São Bernardo?
Começou a caminhar bem. Nós já temos um andamento muito bom no Ministério da Saúde, inclusive para comprar equipamentos para o Hospital de Urgência, R$ 25 milhões e mais R$ 10 milhões do governo estadual.
No próximo dia 20 acontece a entrega do piscinão do Paço, que terá capacidade de 20 milhões de litros de água. O que o cidadão de São Bernardo pode esperar de impacto da obra?
Quem mora no centro, infelizmente, se acostumou com as enchentes. Como fato corriqueiro, os comerciantes da rua Jurubatuba tinham um transtorno que, geralmente, era gerado no período das chuvas. O primeiro impacto é que não terá mais enchente. Essa obra nós fizemos ela inteira e o outro sentimento, além do combate às enchentes, é o simbolismo do Paço. A esplanada do Paço foi um local de manifestações em prol da democracia, momentos históricos e que isso foi roubado da população de São Bernardo quatro ou cinco anos atrás. No momento em que devolvemos isso para a população é um olhar de que a cidade voltou a andar para frente, porque com muita transparência as pessoas não acreditavam que essa obra seria terminada, como a obra do museu, que achavam que não seria concluída, é uma obra símbolo. Tenho certeza que essa obra devolve dignidade, respeito e a perspectiva de uma cidade que voltou a ter compromisso com o cidadão.