A Fundição Tupy que tem unidade em Mauá fez duas demissões seguidas uma na última sexta-feira (02/08) foram dispensados 30 trabalhadores terceirizados e na segunda-feira (05/08) foram demitidos 25 contratados diretamente pela empresa. Os trabalhadores temem não serem indenizados por danos físicos que tiveram durante a atividade na empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, quer fiscalizar as demissões já que alguns trabalhadores estão perto de se aposentar e, portanto, teriam estabilidade.
Lindomar Pereira Neves, morador de Rio Grande da Serra, foi mandado embora depois de atuar na empresa durante 13 anos e 10 meses. O trabalhador afirma que, assim como outros funcionários, sofreu sequelas por conta do peso das peças e trabalhos repetitivos, e avalia que não deveria ser dispensado como aconteceu. “Entrei com o corpo perfeito e saí com bursite nos dois ombros, cotovelos e quadril devido ao trabalho pesado e repetitivo”, afirma. Segundo ele, outro colega perdeu partes do corpo. “Como outras empresas podem nos contratar dessa forma?”, questiona.
Outro afetado com as demissões foi o morador de Santo André, Fredison Cosme Santos Lima, com sete anos de Tupy. “Sou sequelado, não tenho mais condições físicas para encontrar outro emprego”, afirma ao citar o rompimento do tendão do manguito rotador dos dois ombros e dos problemas no punho da mão direita após carregar sobrepeso. Lima foi demitido por justa causa em novembro de 2018 e, desde então, pede justiça em relação a decisão. “Deveriam reverter meu caso, além de tudo isso saí com problemas sérios na coluna cervical, e não há mais nada a se fazer”, afirma ao citar ainda que não teve qualquer apoio do Sindicato. “Por eles (Sindicato) eu estaria fora da empresa, não estão nem aí”, acrescenta.
O diretor do sindicato, Sivaldo Pereira da Silva, o Espirro, que é funcionário da empresa há 33 anos e que acompanha as negociações, disse que a entidade está cobrando resposta da empresa em relação às demissões. Ele teme que a empresa encerre as atividades na cidade. “Em 2014 a empresa tinha 1,5 mil trabalhadores, hoje são cerca de 250. A unidade não está produzindo quase nada e ainda estão demitindo trabalhadores que não poderiam ser dispensados”, disse em relação aos que estão perto de se aposentar. “Quem tem mais de 10 anos de empresa e está há dois anos de se aposentar tem estabilidade”, exemplifica.
Na terça-feira (06/08) o sindicato realizou uma assembleia na empresa e dela saíram quatro itens de uma pauta que já foi entregue à empresa. Os trabalhadores querem o cancelamento das demissões, negociar os benefícios, garantia de emprego para os que ficaram e discutir o futuro da empresa. “A empresa tem sede em Joinville, Santa Catarina, e não tem dialogado com os trabalhadores, preferem investir no México onde tem 6 mil funcionários”, explicou o sindicalista que espera uma resposta da Tupy até esta quinta-feira (08/08).
Em nota a Tupy nega que irá encerrar as atividades em Mauá. “Os desligamentos ocorridos na unidade da Tupy, em Mauá, decorrem da revisão na distribuição dos processos desenvolvidos em cada planta da Companhia. A unidade da Tupy, em Mauá, segue em funcionamento”.