DIs curtos fecham em queda firme com aposta em mais cortes da Selic

No primeiro pregão pós-Copom, os juros futuros curtos fecharam em queda firme, com investidores ajustando posições após a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 6% ao ano, e acenar, em seu comunicado, com a possibilidade de um ciclo mais abrangente de afrouxamento monetário.

Com giro de mais de 977 mil contratos, nesta quinta-feira, 1, o DI para janeiro de 2020 – veículo principal para apostas para o nível no fim do ano – recuou cerca de 10 pontos-base, de 5,608% para 5,505%. Já o contrato com vencimento em janeiro de 2021, que abrange as expectativas para o nível da Selic daqui até o fim de 2020, caiu de 5,49% para 5,40%.

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Como as taxas refletiam cerca de 30% de chances de que a Selic fosse reduzida em 0,25 ponto, era natural que houvesse uma correção nesta quarta-feira. O tom suave do comunicado, com projeções de inflação abaixo da meta, provocou um realinhamento também das expectativas para o ciclo total de corte, com investidores embutindo na curva a possibilidade de que a Selic encere o ano em 5,25% ou até mesmo 5%.

Cálculos de operadores mostram que as taxas já refletem cerca de 70% de chances mais um corte de 0,50 ponto porcentual na reunião do Copom em setembro. E os economistas vão pelo mesmo caminho. De 46 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, 42 projetam Selic a 5,50% em setembro, enquanto apenas quatro acreditam em corte de 0,25 ponto, para 5,75%.

Em relação ao fim do ano, 45 instituições forneceram suas previsões. E a maioria, 24, espera Selic em 5% ano, ao passo que 12 projetam 5,25% e outras oito projetam 5,5%. O Bank of America Merrill Lynch foi mais longe e vê Selic em 4,75% em dezembro.

Não é por menos. Em seu comunicado, o BC de Roberto Campos Neto, sempre cioso com o mandato de controle da inflação, afirma que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”.

“O comunicado foi muito claro de que haverá novos cortes e que a Selic pode ir abaixo de 5,50%, o que fez os DIs mais curtos derreterem”, afirma o responsável pela área de renda fixa da Monte Bravo, Artur Schneider, ressaltando com a alta das taxas na quarta à tarde, após um discurso mais forte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), havia mais espaço para correção para baixo nesta quinta.

Schneider lembra que a Selic foi mantida inalterada em 6,50% por mais de um ano sem que a economia desse sinal de reação e a inflação começasse a ameaçar. As projeções sugerem que, mesmo com mais corte da Selic, o IPCA vai terminar 2020 abaixo da meta, de 4%. “Ainda podemos ver queda dos preços dos combustíveis, um componente muito forte do IPCA, por causa da abertura no mercado de gás. É um cenário que permite juros mais baixos e mais estímulos para a economia”, afirma.

Enquanto os DIs curtos caíram em bloco e fecharam perto das mínimas, as taxas longas e intermediárias tiveram um trajetória mais acidentada. Depois de uma queda mais moderada que a dos curtos pela manhã, com um aumento previsível da inclinação da curva diante de um corte mais pronunciado da Selic, as taxas ganharam força e fecharam perto da estabilidade. O aumento dos prêmios de risco veio na esteira de declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre imposição de novas tarifas a produtos chineses.

Na parte intermediária da curva, DI para janeiro de 2023 desceu até 6,26% e terminou estável, a 6,35%. Na ponta longa, o DI para janeiro de 2025 – que chegou a cair para 6,80% – encerrou a 6,91%, ante 6,90%.

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