Há 15 dias o RD publicou reportagem sobre as instituições assistenciais que têm fechado as portas depois de lutarem para manter os serviços por causa da falta de recursos. Agora, é o Tribunal de Contas do Estado que aponta para outro problema, que afeta diretamente as entidades, não somente as assistenciais, mas as ligadas ao esporte e à cultura. É a dificuldade em prestar contas, instrumento primordial para continuarem a receber subvenções e outras modalidades de recursos públicos.
A corte estadual de contas relatou problemas na contabilidade em 73 processos que envolvem 52 instituições somente no ABC, desde 2004. Essas instituições, além de já passarem por dificuldades, já que muitas já tiveram de encerrar programas pela falta de recursos, ainda podem ser condenadas a devolver o dinheiro público já recebido e ainda pagar multas que podem ultrapassar R$ 50 mil (2 mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – Ufesps).
Da mesma forma que as entidades assistenciais, as demais também realizam trabalho importante. Tiram crianças das ruas para a prática esportiva, incentivam a cultura e até preparam para o mercado de trabalho. Fazem, portanto, parte do trabalho da administração pública. Além do reconhecimento, a maior parte das instituições deve continuar a funcionar e receber ajuda pública pelo perfil das atividades. Há espaço nas estruturas de governo para auxiliar essas instituições a manterem as contas e, consequentemente, espaço.
Tirados os maus gestores e os desvios criminosos de verba pública que, infelizmente, permeiam uma minoria destas instituições, o trabalho não pode parar. Se até as prefeituras admitem dificuldade de manter as contas em dia, nas instituições a realidade não é diferente. Há de se destacar, também que mais uma vez o TCE mostra as chagas da sociedade, depois das vans escolares em mau estado, das escolas e unidades médicas com problemas de segurança. Agora, a penúria é das instituições que, por terem sido deixadas de lado, agora geram prejuízos ao Estado.