Devemos dar os pêsames à perda do metrô, após 10 anos de tratativas? Talvez de certa forma sim, porque perdemos a chance de termos um modal de transporte de alta capacidade e velocidade que foi trocado por um BRT (ônibus rápido pela sigla em inglês), que pode até ser rápido, mas não tem a mesma capacidade. Estudos de ambos os lados mostram a eficiência de um e de outro tipo de transporte, mas o que fica no ar é que a importância do ABC para o Estado não é aquela pregada pelo governador.
Enquanto as necessidades urgentes do ABC se restringiam a encontros com empresários e abertura de condições para estes obtivessem vantagens ao manter a produção, tudo ok. Mas quando a região precisava de um pesado investimento para atualizar o sistema de transporte, a opção foi pelo mais barato. Para não passar em branco, sugeriram um remendo. Modernizar a linha 10 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e construir a linha 20-Rosa do Metrô, de Rudge Ramos, em São Bernardo, até a Lapa, na Capital. Mas será que vai mesmo ser feita? A linha 18 chegou até ter licitação para a escolha do consórcio que faria parte da PPP (parceria público-privada) com o Estado, mas depois de uma década naufragou.
A verdade é que o Estado não priorizou a capacidade e a qualidade do transporte foi apenas para o lado mais econômico da questão. Em pouco tempo o modal, que vai ter ainda um investimento público considerável, já começa no limite, para a região com 2,4 milhões de habitantes. O pior é que, se o projeto sair do papel, o ABC vai sofrer com obras intermináveis para dar a luz a um natimorto.