ABC tem 57 casos de H1N1 com seis mortes em São Bernardo

Em Ribeirão, Daniel precisou ser entubado para ter diagnóstico (Foto: Arquivo Pessoal)

Entre janeiro e maio deste ano, o vírus da Influenza A (H1N1) já deixou seis vítimas fatais em São Bernardo e outras 51 pessoas contaminadas entre Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Santo André e São Bernardo. A maioria dos atingidos são crianças em idade escolar, o que preocupa pais e especialistas, por conta da baixa imunidade.

Mauá notificou 22 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que tem como uma das causas o vírus da Influenza A. Na sequência estão Santo André e São Bernardo, com 13 vítimas em cada cidade, Ribeirão Pires duas vítimas e Diadema um caso. São Caetano e Rio Grande da Serra não forneceram informações.

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Daniel, de seis anos, morador de Ribeirão Pires, foi um dos contaminados. O garoto esteve internado na unidade de terapia intensiva (UTI) durante 15 dias após apresentar problemas de infecção na garganta e ouvido. A mãe Juliana de Arantes Silva conta que seu filho precisou trocar de antibiótico e ficar entubado para que descobrissem a doença. “Em nenhum momento enquanto ele estava sendo medicado, foi desconfiado o vírus da H1N1”, lembra.

Somente quando o vírus impulsionou oscilações em sua saturação (que chegou a 70), que Daniel foi redirecionado para a UTI com paradas respiratórias que os tratamentos contra a Influenza A começaram. “Ele já estava entubado, com antibióticos que já não faziam efeito”, conta ao afirmar que antes mesmo de sair o resultado da sorologia, a médica receitou o Tamiflu, utilizado para tratamento da gripe suína.

Via rede social a mãe desabafa. “Meu filho foi uma das crianças afetadas. Tudo porque onde moro não tinha mais a dosagem da vacina. Passou por paradas respiratórias e pegou até infecção hospitalar”, acrescenta.

Em junho, Gabriel Lima Leonardo, de nove anos, morador de Mauá, também foi diagnosticado com a doença. A mãe Ana Paula Lima Leonardo não conseguiu vacinar o filho durante a campanha nos postos de saúde da cidade, pois faltaram doses. “Liguei até na Secretaria de Saúde da cidade, mas disseram que havia acabado e não tinha o que fazer. Até mesmo meu outro filho, que tem asma, não conseguiu”, conta.

Ana Paula não conseguiu vacinar o filho nos postos de saúde (Foto: Pedro Diogo)

Gabriel ficou internado por pelo menos quatro dias, até o diagnóstico da doença. Os primeiros sintomas foram dores de cabeça forte, garganta inflamada e olhos avermelhados. “Ele foi para a escola, lá se sentiu mal e então comecei a medicar com remédios que tinha em casa. Acontece que ele foi piorando, até que tivemos de levá-lo ao hospital e foi internado”, diz. Ana conta ainda que para que o diagnóstico saísse, teve de pagar R$ 45 no exame do filho.

Em São Bernardo, o estudante Davi Silva Torralvo, de seis anos, aluno do Colégio Singular, no bairro Baeta Neves, também foi contaminado. A mãe Shirley Silva Torralvo Morroni não conseguiu vacinar o garoto durante a campanha no posto de saúde Santa Terezinha, então fez a imunização em clínica particular, mas a vacina precisaria de 14 dias para a eficácia, dois dias após o garoto adoecer. “Meu filho foi bem para o colégio, lá se sentiu mal, com dores de cabeça e febre e mesmo medicado não melhorou”, conta ao lembrar que foi necessário recorrer a especialista para ter o diagnóstico. “Estava tudo lotado e a médica disse que todos os casos parecidos, o exame deu positivo para H1N1, então ele fez o tratamento afastado da escola 5 dias com Tamiflu”, acrescenta.

Na visão do infectologista do Grupo Leforte, Ivan Marinho, as crianças e os idosos precisam de atenção redobrada na prevenção da doença. “A incidência não é muito diferente de acordo com o público, mas é mais grave em crianças e idosos, por causa da baixa imunidade. Daí a vacina”, conta. Os sintomas da H1N1 incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores nos músculos, dores nas articulações, calafrios, tosse, falta de apetite, vômito e diarreia.

Vacinação foi insuficiente

A abertura da vacinação contra a gripe para o público geral, feita na primeira semana de junho, não cobriu toda população. Após encerramento da campanha, em 31 de maio, muitos que procuraram a vacina não acharam. Não houve reposição por parte do Estado.

Diadema aplicou 89,2 mil doses na campanha, sendo 22.230 em crianças com idade entre seis meses e seis anos, 2.704 em gestantes, 672 puérperas, 26,1 mil em idosos, 7,6 mil em trabalhadores da saúde, 2,5 mil em trabalhadores da educação, 17,6 mil em pessoas com comorbidades e 9,6 mil em demais moradores.

Mauá aplicou 20.101 doses no público desde a liberação das vacinas, e totalizou 77 mil pessoas imunizadas. Em São Bernardo foram imunizadas 237.112 pessoas. Do total, 206.493 pessoas pertencem aos grupos prioritários, o que representa 88,30% da cobertura vacinal.

Outros métodos de prevenção incluem exercícios físicos, cuidados com aglomeração, alimentação e oito horas de sono diárias. “Para os que apresentarem algum problema respiratório, a recomendação é permanecer em casa, utilizar lenços, lavar as mãos com frequência e evitar locais aglomerados”, diz. (AL).

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