Depois de 105 dias desde que falou sobre a possibilidade de mudanças no projeto da linha 18-Bronze, o governador João Doria (PSDB) anunciará nesta quarta-feira (03/07), qual será o destino da obra que trará mais um modal para a região. O Governo do Estado avaliou a possibilidade de manter a proposta como monotrilho ou mudar para um BRT (Bus Rapid Transit).
Uma possível mudança no projeto foi ventilada no dia 20 de março quando Doria, em visita a garagem da Metra, em São Bernardo. Sem orçamento para as desapropriações que já foram orçadas em R$ 50 milhões e com problemas devido aos documentos para está fase que não foram renovados durante a gestão de Márcio França (PSB), em 2018, o Governo do Estado, a partir da Secretaria de Transportes Metropolitanos, realizou estudos sobre a proposta.
“Importante registrar que nós vamos modificar esse formato. Houve um erro, a nosso ver, do governo que nos antecedeu, mas ao invés de ficar aqui apenas culpando o passado, vamos tratar de encontrar soluções para o presente e o futuro. Nós teremos um outro formato que não vai exigir R$ 600 milhões de pagamento de indenizações por desapropriações, até porque isso é inviável, nós não temos recursos no orçamento para essa finalidade. Então esse planejamento que o secretário (Alexandre) Baldy tem conduzido será apresentado em breve, para que a nova solução a ser apresentada ela seja conclusiva, e não uma opção inviável e que gere apenas expectativas e não fatos reais e concretos”, disse Doria em abril.
O monotrilho foi anunciado como o modal para o projeto em 2013, no ano seguinte houve a conclusão de todo o processo do licitatório que culminou na assinatura do contrato com o Consórcio Vem ABC. A intenção era que as 13 estações que ligariam a estação Tamanduateí (Linha 3-Verde) até São Bernardo (estação Djalma Dutra) fossem entregues até 2018, mas nenhuma intervenção foi realizada.
A proposta tem um orçamento de R$ 5,7 bilhões para a construção dos cerca de 15 km da linha. O projeto apresentava uma capacidade para levar 340 mil pessoas por dia.
BRT
Desde o início dessa novela em nenhum momento o Governo do Estado falou oficialmente sobre qual modal, a informação sobre os estudos em relação ao BRT surgiu dos bastidores do Palácio dos Bandeirantes. Não há um projeto formado para este modal.
A Frente Parlamentar formada por vereadores da região chegou a se reunir e pedir ajuda para especialistas sobre como funciona o Bus Rapid Transit, principalmente para saber quais eram as diferenças entre o modal em discussão e o corredor de ônibus, mas não houve defesa da mudança.
Em entrevista ao RDtv, o jornalista Adamo Bazani, do site Diário do Transporte, exemplificou o modelo que é adotado desde o início do século em Bogotá (Colômbia). “O BRT é mais do que um corredor de ônibus, é um sistema de transporte sob pneus. Ele tem que incorporar uma integração com uma rede de transportes, interação com outros modais”.
O Transmilenio (nome do BRT em Bogotá) tem 125 km de extensão e transporta cerca de 2,5 milhões de pessoas por dia. Algumas linhas expressas (de um terminal para outro) chegam a transportar cerca de 40 mil pessoas por dia. Neste modal, os terminais ficam no centro da pista. A pessoa paga na entrada e pega a linha que desejar. São duas pistas em cada sentido, o que permite que um ônibus possa ultrapassar o outro ou mesmo que os expressos possam seguir o seu caminho sem gerar um intenso tráfego.
Segundo Bazani, o defeito do modelo adotado em terras colombianas é o fato de não haver uma real integração com os micro-ônibus que realizam o transporte das pessoas dos bairros para o BRT. “Estamos pensando muito na linha 18, se vai ser monotrilho ou BRT, mas ninguém está falando sobre o entorno desse sistema de média capacidade”, completou.