Santo André realiza atividades em comemoração ao mês do orgulho LGBT+

(Foto: Angelo Baima / PSA)

A Secretaria de Saúde de Santo André, por meio do Centro Hospitalar Municipal Dr. Newton da Costa Brandão, recebeu na tarde da última quarta-feira (26) uma roda de conversa em comemoração ao Mês do Orgulho LGBT+. O hospital, que constantemente realiza palestras e atividades educativas, abordou em junho o tema “Educando para a Diversidade Sexual e de Gênero – Direitos e Saúde da População LGBT+”.

Na ocasião, assuntos como identidade de gênero, orientação sexual, nome social e legislação foram abordados. A atividade contou com a participação do advogado Felipe Daier, especializado na defesa de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, do psicólogo e professor universitário José Alberto Roza Júnior, de Jana Falcão, mulher transexual que milita pela causa LGBT+, e ainda performance da drag queen Lucas Miziony no encerramento.

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“É importante que todo profissional da Saúde tenha outro olhar na abordagem à população LGBT+, tanto que o evento foi aberto à toda a rede assistencial do município. O preconceito pode ser oriundo de desconhecimento e nossa missão é qualificar o atendimento em todos os serviços, afinal, um dos compromissos do SUS é a formação de profissionais. Como hospital universitário, com tantas escolas da área da saúde atuando, o CHMSA cumpre seu papel”, explicou a médica responsável pelo Núcleo de Educação em Saúde do Centro Hospitalar Municipal de Santo André, Dra. Ekatriny Antoine Guerle. “Devemos focar na qualificação do atendimento a esse público, vítima de exclusão, vulnerabilidade e agressões. Questões como o respeito ao uso do nome social, a hormônio terapia para homens e mulheres trans, e não apenas a cirurgia de redesignação sexual, precisam ser compreendidas e trabalhadas por equipe multidisciplinar”, completou.

A opção pela roda de conversa – mediada pelo jornalista Gustavo Baena, editor do Blog do Baena – para a realização da atividade contribuiu para que os profissionais pudessem expor suas vivências e experiências de forma equilibrada, o que garantiu um bate-papo leve e descontraído. A plateia interagiu com os convidados tirando dúvidas durante todo o tempo.

Segundo Felipe Daier, essa discussão é necessária para que os direitos da população LGBT+ não sejam violados. “É muito importante falar sobre esse assunto para os profissionais, principalmente os que fazem o primeiro atendimento à população, seja na recepção ou triagem, para garantir direitos e preservar a dignidade dessa população no setor de saúde, onde surgem dúvidas sobre protocolos e o que é garantido ou não”, comentou. “Estamos trazendo informações técnicas e também específicas de vivência desta população, pois trabalhamos diariamente para garantir que os direitos não sejam violados. Às vezes, o indivíduo não se percebe como violador, portanto, é preciso atuar no sentido do esclarecimento e tirar dúvidas sobre os grupos que fazem parte dessa população, a partir de questões como raça e gênero”, reforçou o advogado.

Médico da Educação Continuada do Centro Hospitalar, Dr. Roberto Milani acompanhou a ação e falou sobre a importância de trazer esse assunto para os profissionais da área da saúde. “Abordar esse tema no ambiente hospitalar reflete a importância de um atendimento que respeite a população em toda a sua diversidade. Conhecer as especificidades do público LGBT+ é fundamental para que os profissionais da área da saúde possam atender esse grupo de forma mais acolhedora e humanizada”, salientou.

De janeiro a maio deste ano, de acordo com dados fornecidos pela ONG ABCD’S (Ação Brotar pela Cidadania e a Diversidade Sexual), Santo André registrou 43 tentativas de suicídio de LGB (Lésbicas, Gays e Bissexuais) e houve a concretização do suicídio de sete pessoas. Foram registradas também 23 tentativas de suicídio de transexuais e a concretização de seis suicídios. “Precisamos ter um atendimento de prevenção e promoção à saúde porque essas pessoas estão morrendo, o índice de suicídio de pessoas LGB é três vezes maior do que da população geral e o índice de suicídio de pessoas T (trans ou travestis) é seis vezes maior, se equiparando ao nível de depressão. Isso não tem nada a ver com transtorno mental, está associado a LGBTfobia”, comentou o psicólogo e professor universitário José Alberto Roza Júnior, também militante LGBT+.

Outras ações

Nos dias 27 e 28, o Auditório Heleny Guariba recebeu o “Sarau + Diversos: Todos Pelo Fim da Discriminação”. A iniciativa, realizada pelos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) em parceria com o Programa de Agravos Crônicos Transmissíveis, debateu a discriminação, promovendo a união de força e solidariedade.

A Casa da Palavra também foi palco para um sarau na noite desta sexta-feira (28). O “Sarau da Diversidade”, organizado pelo Consultório na Rua, tem como objetivo principal promover as manifestações artísticas e os cuidados em saúde de forma leve e descontraída, sobre temas de maior relevância, sempre com o foco na redução de danos e agravos em saúde.

 

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