Tem início em julho uma ação do Centro Logístico Campo Grande, que visa ouvir a opinião das pessoas do entorno do empreendimento e também as dúvidas sobre o projeto. Os empreendedores contrataram empresa especializada para abordar as pessoas, ouvir os questionamentos e apresentar as informações disponíveis. Entre o ano passado e início deste, foram realizadas três audiências públicas, em Rio Grande da Serra, em Ribeirão Pires e em Santo André, em todas houve grande resistência de moradores e de entidades representativas de comerciantes e de defesa do meio ambiente. Agora a proposta é estabelecer um diálogo com a comunidade.
O projeto do Centro Logístico está orçado em R$ 780 milhões e deve ser implantado ao longo de 20 anos, com geração de aproximadamente 1,2 mil empregos. “A intenção é escutar o entorno, conhecer as opiniões e ver o que as pessoas precisam saber. A empresa que contratamos terá uma metodologia própria de abordar e conversar com as pessoas mostrando as informações do Centro Logístico. A ideia é escutar e dialogar”, explica o empreendedor Jael Rawet, que foi o representante do CLCG nas audiências públicas e ouviu muitas críticas, principalmente de entidades ambientais.
“Temos 16 programas que podem se chamar de contrapartidas, pois 80% das glebas tem espaço para o cuidado com o meio ambiente. Uma questão que foi bastante discutida nas audiências foi o movimento de caminhões, mas o projeto é predominantemente ferroviário, o Eia-Rima (Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impacto de Meio Ambiente) considera números extremos, simulações para ver o que a rodovia (Antonio Adib Chamas) comporta. Quem leu o estudo de forma desatenta acabou achando que ia aumentar o número de caminhões, cheguei a ouvir que iam transformar Paranapiacaba em um estacionamento de caminhões, mas o centro logístico não chega até lá”, destacou Rawet.
O projeto segue o procedimento de licenciamento ambiental no âmbito estadual, que é feito pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e que, segundo Rawet segue seu rito normal. “Foram feitos alguns pedidos de informações que estamos levantando e até o final do mês de julho vamos protocolar”. Outra barreira são ações judiciais propostas pelo MDV (Movimento em Defesa da Vida do ABC).
No ano passado o CLCG enfrentou outra dificuldade que foi a mudança da Luops (Lei de Uso e Ocupação do Solo) que foi alterada e isso impediu que a Gleba C, a maior do empreendimento, fosse considerada no projeto. A questão agora será definida pelo Plano Diretor cujo projeto de revisão tramita na Câmara de Santo André, mas que só será votado após o recesso parlamentar, em agosto. Dentro deste projeto há um dispositivo que permite a construção de centros logísticos na área de mananciais prevista para o CLCG. Essa proposta foi incluída pela Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) e aprovada pelo CMPU (Conselho Municipal de Política Urbana). Se aprovado no projeto de lei esse dispositivo libera a gleba C. Jael Rawet, minimiza a situação; segundo ele o impedimento afetava apenas 10% do zoneamento. “A questão é que o estado não tem mais dinheiro para construir novas rodovias e as ferrovias estão aí e são subutilizadas, por isso o centro logístico é importante”, finaliza.